Caso Aldeia: divórcio pode ter motivado morte de médico
Denirson e Jussara mantinham relacionamento há 40 anos, e, recentemente, ele tinha pedido a separação
Apesar de estar em fase inicial, a investigação da Polícia Civil aponta que a morte do médico cardiologista Denirson Paes da Silva, 54 anos, pode ter sido motivada por um possível pedido de divórcio feito por ele. A esposa, Jussara Rodrigues da Silva Paes, junto com o filho do casal, Danilo Paes, são apontados como suspeitos do crime. "A motivação vem a tona quando o filho mais jovem presta suas declarações à doutora [delegada] Carmem e menciona o desejo de separação do pai e o afastamento da residência", afirmou o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, o delegado Joselito Kherle.
Ainda segundo Kherle, o filho mais novo apontou que o relacionamento dos pais era conturbado e que Danilo não se relacionava bem com o pai. Os restos mortais de Denirson foram encontrados dentro de uma cacimba na casa em que morava no bairro de Aldeia, em Camaragibe, no Grande Recife. A polícia aponta que o crime pode ter sido premeditado. "Tudo leva a crer que houve premeditação", afirmou o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, o delegado Joselito Kherle.
Perícia do Instituto de Criminalística feita com a ajuda da substância lumiol apontou vestígios de sangue em dois banheiros e um corredor da casa. Ainda não há confirmação se o sangue é do médico. Os peritos detectaram, também, que a casa passou por profunda limpeza e que há sinal de arrastamento no corredor que dá acesso à cacimba. O banheiro social foi o local com mais manchas de sangue. Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) deverá confirmar se o sangue e os restos mortais realmente são de Denirson Paes.
Os peritos constataram, ainda, que areia e brita foram jogadas na cacimba. Além de cloro líquido e em pastilha pra evitar a proliferação de bactérias - o que reforça a tese de premeditação. Tanto Jussara quanto Danilo afirmaram que só vão se pronunciar em juízo. Mesmo assim, os dois foram presos temporariamente nesta quinta-feira (5). "Temos indícios suficientes para autuação por ocultação de cadáver e homicídio qualificado. Não há dúvidas sobre a participação da mãe e do filho", afirmou Kherle. A delegada do caso, Carmem Lúcia, apontou que os suspeitos apresentaram frieza. "O comportamento deles não era de quem estava procurando uma pessoa desaparecida", apontou.
Segundo a polícia, no dia 30 de maio o médico cancelou uma viagem que faria aos Estados Unidos. No dia 31, ele desapareceu. Câmeras de segurança do condomínio não registraram a saída dele. Apenas no dia 20 de junho a esposa do médico foi até a delegacia de Camaragibe registrar o desaparecimento. "Ela falou que ele deveria ter voltado de viagem no dia 12, mas logo em seguida afirmou que ele poderia ter ido à Copa do Mundo", detalhou Joselito Kherle. Ainda segundo Kherle, após os restos mortais serem encontrados, o filho mais velho teria dito que o pai poderia ter se suicidado. Tanto a pasta que o médico usava para trabalhar quanto as malas e o passaporte foram encontrados na residência da família.
Os restos mortais de Denirson Paes foram encontrados na tarde de quarta-feira (4) em uma cacimba de 25 metros na área de lazer da casa. Segundo o perito do Instituto de Criminalística (IC), Fernando Benevides, há indícios de que o corpo foi queimado antes de ser jogado na cacimba. Por conta do forte estado de decomposição, ainda não se sabe em quantos pedaços o corpo foi esquartejado.