Proibição do uso de véu provoca protesto na Dinamarca
Muçulmanos vão às ruas do país reivindicando o direito à liberdade religiosa
Entrou em vigor na Dinamarca a partir de hoje uma lei que proíbe as mulheres muçulmanas de usarem o nicabe e a burca, vestimentas que cobrem o rosto. A lei poderá se estender ainda para o hijab, véu que cobre apenas o cabelo e o pescoço, e a multa pelo descumprimento pode chegar a mil euros. Porém, as muçulmanas que vivem em Copenhague organizam uma manifestação pacífica em defesa do direito de usar os trajes do Islã e a favor da liberdade religiosa.
A lei aprovada pelo Parlamento da Dinamarca, por 70 votos a 30, pretende garantir que mulheres adultas ou jovens não sejam obrigadas a cobrir os rostos. Os defensores da legislação afirmam que a proibição assegura a integração dos imigrantes que buscam asilo no país dinamarquês.
A antropóloga e especialista em estudos do Islã, Francirosy Campos Barbosa, discorda dos defensores da lei e afirma que existe um processo de alijamento dos muçulmanos, fortalecendo a islamofobia e o banimento dos seguidores do Islã. “É uma lei totalmente arbitrária e que atinge diretamente as mulheres, pois muitas usam o véu desde os 10, 12 anos. Adultas, sem o uso do nicabe, não se sentem à vontade”, explica.
Para a estudiosa do tema, o protesto organizado pelo grupo Kvinder I Dialog (Mulheres em Diálogo), na Dinamarca, é uma advertência sobre o respeito e a preservação dos direitos das mulheres. “Temos muito o que avançar quando se trata de direitos das mulheres, mas isso não é a particularidade de uma cultura ou religião, isto tem que ser uma mudança mundial, mas que deve partir, sobretudo, das mulheres”, analisa. “Nossa luta é para que cada uma encontre sua maneira de ser respeitada dentro do seu universo, dentro da sua religião, respeitando a sua identidade, a noção de pessoa e não necessariamente tem que ser moldada pelas ou pelos ocidentais”.