Afeganistão em um beco sem saída após 40 anos de conflitos

Há 30 anos, as tropas soviéticas se retiravam do Afeganistão, após 10 anos de guerra

qua, 13/02/2019 - 09:10
Wakil KOHSAR Foto de 7 de fevereiro de 2019 mostra uma mulher afegã usando uma burca e andando perto dos restos de um tanque da era soviética ao longo de uma estrada em Gorgote, na província de Panjshir, norte da capital Cabul Wakil KOHSAR

Há 30 anos, as tropas soviéticas se retiravam do Afeganistão, após 10 anos de guerra.

A seguir as principais etapas do conflito afegão desde o início da invasão soviética, em 1979.

- 1979-89: Ocupação soviética -

Em dezembro de 1979, Moscou desloca a frente da Guerra Fria ao invadir este país empobrecido, remoto e montanhoso no limite com o sul da Ásia e Oriente Médio, para implantar o comunismo.

Os resistentes afegãos, apoiados pelo Ocidente - liderado pelos Estados Unidos - cercam o Exército Vermelho até que este abandona o país em fevereiro de 1989.

- 1992-96: a época das guerras civis -

Em 1992, a queda do governo comunista do presidente Mohammad Najibullah provoca o início de uma violenta guerra civil entre facções afegãs, que deixou em dois anos quase 100.000 mortos e destruiu parcialmente a capital, Cabul.

A partir de 1994 os talibãs, combatentes islamitas fundamentalistas apoiados pelo Paquistão, avançam a partir do sul afegão.

- 1996-2001: sob o jugo dos talibãs -

Os talibãs tomam o poder em Cabul e instalam um regime baseado em uma interpretação rigorosa da lei islâmica, que proíbe que as mulheres trabalhem e estudem, além de obrigá-las a usar o véu integral fora de casa. O governo também proíbe a música.

Sob sanções da ONU, o regime talibã, dirigido pelo mulá Omar, se aproxima da Al-Qaeda e recebe seu líder, Osama Bin Laden.

- Final de 2001: Invasão ocidental -

Após os atentados de 11 de setembro de 2001 cometidos pela Al-Qaeda em Nova York e Washington, soldados dos Estados Unidos invadem o Afeganistão à frente de uma coalizão ocidental e derrubam os talibãs.

Estados Unidos e Otan expulsam os talibãs, instalam Hamid Karzai no poder, injetam bilhões de dólares em ajuda para reconstruir o país e mobilizam 150.000 soldados para ajudar o governo afegão a garantir a segurança.

Os talibãs se escondem ou fogem para países vizinhos, especialmente o Paquistão, e depois retomam um rebelião contra o governo afegão e a Otan.

- 2014: retirada da Otan -

A força de combate da Otan (ISAF, International Security Assistance Force) deixa o país depois de 13 anos de conflito no Afeganistão, com um balanço discreto pela intensa pressão da insurreição talibã.

A Otan permanece no Afeganistão no âmbito da missão "Apoio Resoluto", mas os talibãs prosseguem com suas ações: o número de atentados aumenta, sobretudo em Cabul, onde a população civil paga um preço elevado, sobretudo a partir do surgimento em 2015 do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

No fim de 2018, o presidente americano, Donald Trump, anuncia a intenção de abandonar o país. De modo paralelo, Washington aumenta as negociações diretas com os talibãs, que também negociam com a Rússia em Moscou.

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