Juros médios do cartão de crédito continuam a subir
Taxa média do cheque especial também aumentou, chegando a 317,9% ao ano
Os juros médios cobrados pelas instituições financeiras no cartão de crédito e também no cheque especial tiveram mais um mês de alta em fevereiro, de acordo com dados do Banco Central (BC) divulgados nesta quarta-feira (27).
A taxa média do cartão de crédito rotativo subiu de 286,9% ao ano, em janeiro, para 295,5% ao ano, em fevereiro. Já a taxa média do cheque especial passou de 315,6% ao ano, em janeiro, para 317,9% ao ano, em fevereiro, um aumento de 8,6 pontos porcentuais. Esse foi o quarto mês seguido de crescimento.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser usado pelo consumidor que não consegue pagar o valor total de sua fatura no vencimento, mas que não quer ficar inadimplente. Dessa forma, a pessoa paga qualquer valor entre o mínimo e o total, e o restante é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com juros. Já o cheque especial é uma linha emergencial que concede ao correntista gastar um determinado limite definido pelo banco, mesmo que ele não tenha saldo em conta.
O economista especialista em gestão financeira Ricardo Maila afirma que o aumento dos juros médios dessas duas modalidades de crédito ocorre em um período em que o país ainda não possui definições sobre as políticas econômicas em processo de implementação pelo novo governo.
“Os bancos ainda não sabem o que vai acontecer neste novo cenário político-econômico e estão repassando essa incerteza em diversos produtos. Por isso, apesar de a taxa Selic continuar em 6,5% ao ano, os juros permanecem subindo”, explica.
A taxa Selic determina os juros básico da economia fixada pelo Banco Central para controlar a inflação e está no percentual citado pelo economista desde março de 2018.
Maila acrescenta que o aumento dos juros afeta a economia em cadeia e, especialmente, os consumidores que não organizam suas finanças de forma adequada.
“Aquele que pouco se importa com o limite especial ou que praticamente incorporou ao orçamento, passando a maior parte do tempo nesse uso é o mais prejudicado. Em muitos casos as pessoas chegam a consumir mais de 10% de todo o orçamento do mês pagando juros que poderiam ser solucionados com pequenas mudanças nos hábitos de organização e planejamento”, avalia.
A inadimplência, que também influencia os juros cobrados pelas instituições financeiras, permaneceu em 2,9% em fevereiro. Esse índice leva em consideração recursos livres e direcionados. No caso das pessoas físicas, o percentual ficou estável em 3,3%. Para empresas, caiu de 2,5% para 2,4%.
Os recursos livres se referem às taxas que são definidas livremente pelos bancos, como o cheque especial, cartão de crédito, financiamento de carro, entre outros. Já os recursos direcionados são compostos por operações em que os juros são definidos pelo governo, como o financiamento de imóveis, crédito rural, etc
Maila reforça que a incerteza das instituições bancárias afeta os juros em todas as linhas livres. “Como os bancos não sabem se haverá retomada da economia, geração de empregos e pessoas capazes de pagar suas dívidas, eles acabam aumentando os juros para obter maiores lucros”, pondera.