Netanyahu não forma governo e Israel convoca eleições

Após uma longa noite de debates, o Parlamento (Knesset) se decidiu por novas eleições por 74 votos contra 45, e agendou a votação para 17 de setembro

qui, 30/05/2019 - 07:18
Menahem Kahana O ex-ministro de Defesa de Israel Avigdor Lieberman, no Parlamento, em 29 de maio de 2019 Menahem Kahana

O Parlamento israelense aprovou na primeira hora de quinta-feira (30) (noite de quarta no Brasil) a convocação de novas eleições, algumas semanas depois das legislativas de abril, um passo sem precedentes provocado pela tentativa do premiê Benjamin Netanyahu de se manter no poder, apesar de não conseguir formar uma coalizão.

Após uma longa noite de debates, o Parlamento (Knesset) se decidiu por novas eleições por 74 votos contra 45, e agendou a votação para 17 de setembro.

Este resultado é uma derrota para Netanyahu, no poder desde 2009, após ter ocupado o mesmo cargo pela primeira vez entre 1996 e 1999.

Netanyahu não conseguiu formar coalizão, apesar de seu partido, o Likud, e de seus parceiros de direita e religiosos terem obtido assentos suficientes nas eleições de 9 de abril.

O ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman impediu o acordo ao se negar a renunciar a uma de suas demandas principais, o que bastou para que os cinco assentos de seu partido nacionalista Yisrael Beitenu arruinassem os esforços de Netanyahu.

Como resultado, Netanyahu pressionou para que fossem celebradas novas eleições a fim de evitar que o presidente israelense, Reuven Rivlin, selecionasse outro membro do parlamento para tentar formar o governo.

Sobre Netanyahu, seus detratores dizem que ele já deveria ter se aposentado, mas não deixa o cargo para poder aprovar leis que o protegem de ser processado por corrupção.

As negociações para formar a coalizão tiveram como obstáculo o antagonismo entre o partido nacionalista laico Yisrael Beitenu e os ultraortodoxos em relação à isenção do serviço militar concedida a milhares de estudantes de escolas talmúdicas.

Em um país onde todos são obrigados a prestar serviço militar, esse tratamento diferenciado é considerado por muitos como uma injustiça.

Sobre esta questão, Netanyahu enfrenta Avigdor Lieberman, líder do Yisrael Beitenu, uma personalidade política que liderou o gabinete do primeiro-ministro entre 1996 e 1997 e que foi seu ministro da Defesa em 2018.

- Negociações -

Para participar do governo, Lieberman exigia o fim da isenção concedida aos ultraortodoxos para o serviço militar.

Na segunda-feira ele afirmou no Facebeook que não tem "intenção de renunciar" aos princípios de seu partido.

O Likud, o partido de Netanyahu, o designou como inimigo político. "Pensava que tinha visto tudo na política, mas fiquei surpreso com a intensidade das pressões, com a paranoia e com as especulações às quais fui exposto", disse Lieberman.

O Likud também aprovou na terça-feira uma lista comum com o partido centrista Koulanou diante de possíveis novas eleições.

Mas muitos criticam o gasto de dinheiro e energia que envolvem novas eleições.

Um representante do Ministério das Finanças, citado pela imprensa, falou de um custo de pelo menos 475 milhões de shekels (117 milhões de euros) para dissolver a assembleia e convocar uma nova votação.

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