UE promete intensificar esforços na crise da Líbia

Uma conferência internacional está prevista para este mês em Berlim para retomar o processo político no âmbito das Nações Unidas

qua, 08/01/2020 - 12:46
Francisco Seco Primeiro-ministro líbio Fayez Al-Sarraj com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e com o chefe da Conselho Europeu, Charles Michel. Francisco Seco

A União Europeia (UE) prometeu, nesta quarta-feira (8) a Fayez al-Sarraj, primeiro-ministro líbio do governo reconhecido pelas Nações Unidas, intensificar seus esforços para uma solução pacífica na Líbia, temendo a questão migratória e o terrorismo.

Fayez al-Sarraj, cujo Governo de União Nacional (GNA) enfrenta uma ofensiva das forças rivais do marechal Khalifa Haftar, que controla o leste do país, se reuniu nesta quarta-feira em Bruxelas com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e com o chefe da Conselho Europeu, Charles Michel.

"A União Europeia apoia plenamente o processo de Berlim e todas as iniciativas das Nações Unidas para encontrar uma solução política global à crise na Líbia", afirmou o Conselho em comunicado após a reunião, na qual as autoridades europeias reiteraram que "não há solução militar" para o conflito no país mediterrâneo.

Uma conferência internacional está prevista para este mês em Berlim para retomar o processo político no âmbito das Nações Unidas.

A Líbia está mergulhada no caos desde a queda do regime de Muammar Khadafi em 2011 e com duas autoridades que disputam o poder: o GNA e o governo nas mãos de Haftar, que impôs um duro golpe aos seus rivais dias atrás em Sirte.

Haftar tenta, desde abril, conquistar Trípoli e, para isso, conta com o apoio do Egito, Emirados Árabes Unidos e Rússia.

Para ajudar o governo de Sarraj, a Turquia enviou 35 soldados para a Líbia que, segundo o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, citado pelo jornal Hurriyet, não serão chamados para participar dos combates.

O anúncio, feito no domingo, do envio de militares turcos desencadeou alertas na UE, que condenou as "interferências externas" na Líbia.

"Queremos evitar que a Líbia se torne palco de uma guerra subsidiária e uma segunda Síria", disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas.

Os europeus temem que o ressurgimento do conflito possa beneficiar o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e gerar uma chegada maciça de migrantes nas costas da Europa.

O chefe da diplomacia alemã, cujo país patrocina o chamado Processo de Berlim para encontrar uma solução para a crise, também se encontrou com o primeiro-ministro líbio em Bruxelas, depois de abordar a situação com seus colegas da Itália, França e Reino Unido na véspera.

"Sarraj reiterou seu total apoio ao processo de Berlim e, em particular, declarou que está disposto a assumir e promover o que for acordado", disse Maas, que considerou um "requisito essencial" a realização de uma eventual cúpula sobre a Líbia em Berlim.

Reunidos em Istambul, presidente turco Recep Tayyip Erdogan e seu colega russo Vladimir Putin pediram nesta quarta um cessar-fogo na Líbia a partir da meia-noite do domingo, informou o chefe da diplomacia turca.

"Nosso presidente Recep Tayyip Erdogan e o chefe de estado russo VLadimir Putin lançam hoje um chamado de cessar-fogo a partir de 12 de janeiro à meia-noite", declarou Mevlut Cavusoglu em coletiva de imprensa em Istambul.

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