Justiça libanesa proíbe Carlos Ghosn de deixar o país
Ghosn, detentor de nacionalidades francesa, libanesa e brasileira, é alvo de quatro acusações no Japão: duas por sonegação e duas por abuso de confiança agravado
A Justiça libanesa proibiu, nesta quinta-feira (9), o ex-magnata do setor de automóveis Carlos Ghosn de deixar o país, depois de ser interrogado pela Procuradoria Geral no âmbito de uma ordem de prisão da Interpol - informou uma fonte judicial à AFP.
"A Procuradoria Geral adotou uma decisão que proíbe Carlos Ghosn de viajar e solicitou seu" dossiê judicial ao Japão, onde o ex-CEO da Renault-Nissan foi acusado de desfalque financeiro, disse a fonte.
O Líbano, que indicou não ter um acordo de extradição com o Japão, anunciou na semana passada que havia recebido um pedido de prisão da Interpol referente ao empresário de 65 anos.
Ghosn, detentor de nacionalidades francesa, libanesa e brasileira, é alvo de quatro acusações no Japão: duas por sonegação e duas por abuso de confiança agravado.
Uma segunda fonte judicial disse à AFP que Ghosn "permanecerá proibido de viajar até o recebimento de seu processo judicial do Japão".
"Dependendo do conteúdo do caso, se for comprovado que os crimes dos quais é acusado no Japão exigem procedimentos legais no Líbano, ele será julgado", informou a fonte.
"Se nenhuma ação legal for exigida, em virtude da legislação libanesa, ele ficará livre", acrescentou a fonte.
Ghosn também foi ouvido a respeito de um relatório apresentado à Justiça libanesa por advogados libaneses, relacionado a uma visita a Israel.
Países vizinhos, Líbano e Israel estão tecnicamente em guerra, e Beirute proíbe seus nacionais de irem a Israel, ou de terem contatos no Estado hebreu.
Na quarta-feira, Carlos Ghosn denunciou um "golpe" orquestrado contra si e afirmou que está determinado a "lavar sua honra", durante sua primeira aparição pública em Beirute desde que fugiu do Japão.
Preso em novembro de 2018 no Japão, o empresário foi solto sob fiança em abril de 2019, após 130 dias de detenção.
Em prisão domiciliar, foi proibido de deixar o Japão até o julgamento. Ele é suspeito de ter fugido pegando um jato particular no Aeroporto Internacional de Kansai, perto de Osaka (oeste do Japão), com dois supostos cúmplices, de nacionalidade americana, segundo a televisão japonesa.
Ghosn teria escapado ao controle, escondendo-se em uma caixa de equipamentos para shows, segundo a mídia japonesa.