Bailarina relata como superou o câncer de mama

Gemille Sales recebeu o diagnóstico em 2018. Depois de cirurgia e quimioterapia, ela mantém rotina de atividade física e leva a vida normalmente.

sex, 24/01/2020 - 12:16

Quem vê a bailarina Gemille Sales nem imagina o que ela já passou. Sempre com um sorriso no rosto, Gemille é daquelas pessoas que gostam de conversar e o otimismo está em tudo o que fala. “Quero passar sempre uma expressão positiva para as pessoas”, diz. E nem um câncer de mama a fez mudar.

Em 2018, ela foi diagnosticada com a doença. Gemille lembra que fez os exames de rastreamento em junho de 2017 e não tinha nada. Em fevereiro de 2018, ela percebeu um nódulo no seio, mas só procurou médicos em março. O diagnóstico foi confirmado em abril. A operação foi em junho, seguida de quimioterapia. Hoje, a bailarina está curada. 

“O câncer me ensinou que a gente não sabe o dia de amanhã. Sempre me cobrava demais, tinha que dar conta de tudo, era ansiosa demais. Hoje, sou mais calma, não me cobro excessivamente, mas vivo intensamente o hoje e não adio mais o que eu sinto vontade de fazer, meus sonhos. Se quero viajar, não espero pelo próximo ano, já programo e vou”, ensina. “Eu procuro levar uma vida normal. Eu quero mostrar para todo mundo que minha vida não parou por causa do câncer”, afirma.

A rotina de Gemille inclui caminhar, ministrar aulas de dança e frequentar academia para fazer musculação. Aos sábados, ela mantém um grupo de dança do ventre, formado por mulheres em tratamento contra o câncer. 

Gemille lembra que só parou de frequentar a academia durante a quimioterapia, que era muito forte e ela ficou com resistência muito baixa. Mas manteve a prática de atividade física em casa - fazia alongamentos e enviava os vídeos para as amigas da academia.

Nesse período também começou a participar de bate-papos com grupos de mulheres, onde relatava sua experiência desde o diagnóstico, e incentivava a prática de atividades físicas.

Iniciar uma atividade física é fundamental para a melhor qualidade de vida. Recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a prática regular de exercícios traz inúmeros benefícios para o corpo e mente e contribui consideravelmente para o aumento da expectativa de vida da população.

Neste mês, a campanha Janeiro Dourado, idealizada pela Sociedade Paulista de Medicina Esportiva, incentivaa a prática de atividades físicas com acompanhamento médico. É o mês da saúde do atleta.

Para especialistas como Maxwell Maltz e Charles Duhigg, autor do livro “O Poder do Hábito”, são necessários no mínimo 21 dias para que uma velha imagem mental se dissolva e uma nova imagem ocupe o seu lugar. Já no quesito fisiologia, o corpo necessita de 8 a 12 semanas para se adaptar a essa nova rotina e aos estímulos. No entanto, cerca de 64% das pessoas abandonam a prática nos primeiros três meses, antes mesmo de obter uma resposta neuromuscular.



“Não podemos desistir, principalmente quando pensamos em uma vida com mais qualidade e longe de doenças graves, como o câncer”, destaca a oncologista Paula Sampaio, do Centro de Tratamento Oncológico (CTO).



A prática de atividade física regular é a medida mais eficiente e completa no combate ao câncer. A ciência já comprovou que os exercícios diminuem a incidência de 20 tipos diferentes de câncer.

Para a prevenção de câncer, as pessoas devem se exercitar entre 2,5 a 5 horas por semana, em atividades com intensidade moderada, ou 1,25 a 2,5 horas de atividade intensa.



“A atividade física tem papel fundamental em todos os momentos e para todas as pessoas. Para quem está em tratamento do câncer, se exercitar melhora autoestima e ajuda a tolerar melhor os efeitos colaterais do tratamento”, explica a oncologista Bianca Lastra. “Para quem já terminou o tratamento do câncer, reduz a recidiva da doença e para quem está em tratamento paliativo, melhora consideravelmente a eficácia do tratamento e qualidade de vida do paciente”, complementa a médica.



A atividade física também diminui sintomas de depressão no paciente em tratamento. Isso ocorre por vários motivos: liberação de endorfina, melhor tolerância ao tratamento, melhora da autoestima. Pacientes que adotam hábitos saudáveis e tornam-se fisicamente ativos melhoram o seu condicionamento; traçam novas metas, o que ajuda a mudar o foco e esquecer pensamentos negativos relacionados ao tratamento e a doença.



 “Como pretendemos que nossos pacientes tenham uma vida longa e principalmente com qualidade, o tratamento multidisciplinar com médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, educadores físicos e outros profissionais se torna fundamental para que nossos pacientes possam enfrentar adequadamente este momento, retirando o máximo de benefício, sem nenhum risco a saúde, para torná-los pessoas saudáveis, com estilo de vida e pensamentos muito melhores que em outros momentos de suas vidas”, avalia Paula.

Com informações de Dina Santos, da assessoria do CTO.



 

 

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