Agosto Dourado mostra benefícios do aleitamento materno

Mães comentam sobre as dificuldades que tiveram para amamentar por falta de ensinamentos e informações durante o pré-natal

por Brenna Pardal qui, 20/08/2020 - 11:01

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Sempre se ouve falar da importância da amamentação para os bebês, mas muitas pessoas desconhecem os benefícios que o aleitamento materno traz para as mães. Estudos comprovam que o principal benefício é a prevenção do câncer de mama.

Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, a cada ano de amamentação, o risco da mãe de desenvolver câncer de mama diminui de 3 a 4%. Isso acontece porque o aleitamento materno promove uma substituição de tecido glandular por gordura nas mamas, o que assegura uma proteção natural.

Segundo estudos publicados na revista científica The Lancet, estima-se que a amamentação pode evitar mais de 20 mil mortes de mulheres por câncer de mama no mundo. O aleitamento também ajuda a prevenir o câncer de útero e de ovário.

Em vídeo publicado acima, o mastologista Fábio Botelho, do Centro de Tratamento Oncológico (CTO), de Belém, responde algumas perguntas referentes a dúvidas sobre amamentação e câncer de mama.

No Brasil, o Agosto Dourado é o incentivo à amamentação e já é lei. Em 2017, o Congresso Nacional Brasileiro instituiu, por meio da lei 13.435, o Mês do Aleitamento Materno, o Agosto Dourado, dedicado a informar e debater sobre a importância de amamentar os bebês. O dourado, de acordo com a OMS faz alusão ao leite materno: alimento de ouro.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, no Brasil e no mundo, depois do de pele não melanoma. Corresponde a cerca de 22% dos casos novos de câncer diagnosticados a cada ano. A estimativa do Inca é de 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022.

O diagnóstico tardio, ainda predominante no Brasil, aumenta muito a gravidade da doença e os índices de mortalidade. Em contrapartida, se o câncer de mama for diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é muito bom. As chances de cura são superiores a 90%.

A importância de falar sobre os benefícios do aleitamento materno logo no pré-natal é válida para que as mães aprendam antes do nascimento dos seus filhos como amentar, no caso, ter a pega correta.

Para a fotógrafa Alessandra Barreto, sua experiência com a amamentação, no início, foi bem difícil, pois o seu bebê recém-nascido sugava, mas não vinha o leite materno. “A enfermeira fez uma massagem no meu seio até vir o colostro (considerada a primeira vacina que os bebês recebem por conter inúmeros benefícios para a saúde da criança recém-nascida). Foi aí que ele mamou, até secar. Ele não estava satisfeito e dei o outro lado pra ele, só que a mesma história, ele sugava e não vinha nada”, contou, enfatizando o fato de não ter tido nenhum instrução profissional.

“Eu me sinto culpada por não ter procurado mais sobre o assunto amamentação. Eu ouvia a mamãe falando que tinha que pegar sol no seio e na rachadura passar o leite, mas eram coisas que eu ouvia das pessoas, mas nunca de profissionais. Eu nunca tive ajuda profissional antes de começar a amamentar, só depois”, contou.

A professora de Educação Física Lorena Lima, recentemente, deu à luz o seu primeiro filho e contou que procurou informações e ajuda por fora. “Sim, me informei, como sou mãe de primeira viagem busquei informações que julguei importantes pra saber lidar com o que viria. Assistia live sobre amamentação de uma especialista no assunto chamada Fabíola Cassab (doula -  assistente de parto, sem necessariamente formação médica - e especialista em amamentação), tive conversas sobre o assunto e contei com a experiência de pessoas próximas a mim que passaram pela experiência recentemente”, explicou.

Lorena teve dificuldades no início da amamentação, o que foi bastante dolorido para ela, mas disse não ter desistido, pois sabia da importância da amamentação até os 6 meses de vida do bebê. “Saber também que outras mulheres conseguem me encorajou e foi a hora de colocar em prática tudo o que eu aprendi e todas as dicas das pessoas que são próximas e passaram pela experiência”, disse.

Há relatos de mães que por diversas dificuldades não conseguiram amamentar seus filhos. A médica Narjara Fontes não conseguiu amamentar seu primeiro filho. Ela conta que na maternidade onde deu à luz não recebeu auxílio da equipe multiprofissional sobre a pega correta do bebê. “Tive fissuras, mastite e o bebê perdia peso. Nunca consegui fazer aleitamento exclusivo, o aleitamento artificial estava presente em todas as mamadas ineficazes. Busquei ajuda no banco de leite da Santa Casa, e uma técnica me auxiliou na pega correta para que eu não me machucasse, mas a informação veio tarde demais, o desgaste emocional já havia sido tamanho que amamentar não me fazia bem emocionalmente falando”, explicou.

“O decisivo pra que ele ficasse em definitivo no aleitamento artificial foi o meu/nosso bem-estar. Uma mãe exausta emocionalmente transmite isso ao bebê, e ao contrário do que pregam por aí, amamentar não é fácil. Precisa de preparo físico e mental, além de uma enorme rede de apoio materna”, finalizou.

 

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