Operação mira esquema de propina para policiais federais
Agentes públicos recebiam dinheiro em troca de proteção nas investigações realizadas
A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) deflagraram, nesta quinta-feira (15), a 2ª fase da Operação Tergiversação que, em junho do ano passado, desarticulou uma organização criminosa acusada de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, organização criminosa e obstrução à Justiça. Segundo a PF, elementos colhidos no curso das investigações apontam que o esquema movimentou cerca de R$ 10 milhões.
Na manhã desta quinta, os agentes cumpriram dois mandados de prisão preventiva e executam outros 33 de busca e apreensão, todos expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, contra servidores públicos federais e estaduais, empresários e advogados. Entre os alvos das buscas estão os advogados João de Baldaque Danton Coelho Mestieri e Rafael da Silva Faria.
Nesta nova fase, a investigação mira em outros empresários que participaram do suposto esquema de pagamento de propina para policiais federais em troca de proteção nas investigações realizadas em operações e em advogados que atuaram como intermediários das cobranças de vantagens indevidas dos empresários e ficavam com uma parcela dos valores pagos. A organização criminosa atuava dentro da Superintendência da PF do Rio, segundo apontaram a própria Polícia Federal e o MPF.
Os inquéritos sob suspeita, em que agentes teriam recebido propinas, estão relacionados às Operações Titanium (fraudes envolvendo o Plano de Saúde dos Correios) e Viupostalis/Recomeço (fraudes envolvendo o Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios), que eram conduzidas pelo delegado de Polícia Federal Lorenzo Pompílio da Hora, com o apoio do escrivão Éverton da Costa Ribeiro, lotados à época no Núcleo de Repressão a Crimes Postais da Delepat/RJ. Ambos chegaram a ser denunciados na primeira fase da operação.
As investigações que levaram à nova etapa da Tergiversação, desenvolvidas em conjunto pela PF e o MPF, tiveram como base as quebras de sigilo dos investigados, o material colhido nas buscas e apreensões no ano passado e dois acordos de colaboração premiada.