Trabalhadores protestam pela regularização de terras em PE
Dois grandes grupos fecharam trechos das BRs 101 e 232 simultaneamente
Na manhã desta segunda-feira (9), trabalhadores rurais da Zona da Mata de Pernambuco realizaram dois protestos simultâneos em Palmares e Moreno, para reivindicar a regularização de suas terras. A manifestação teve início às 8h e foi encerrada por volta das 11h. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanhou os agricultores.
Segundo a PRF, cerca de 40 moradores do Engenho Una, em Moreno, no Grande Recife, interditaram parcialmente a BR-232, na altura do quilômetro 24, sentido interior. Por volta das 9h30 o protesto foi encerrado e a rodovia foi liberada com a remoção dos pneus queimados.
Simultaneamente, aproximadamente 200 trabalhadores fizeram um bloqueio total no quilômetro 189 da BR-101, em Palmares, na Mata Sul. Também segundo a PRF, um congestionamento de 3 km formou-se em virtude do ato, que foi encerrado por volta das 11h.
A Comissão Pastoral da Terra - Regional NE 2 ajudou a organizar os protestos e esteve presente, junto aos trabalhadores. Segundo a entidade, os agricultores e agricultoras cobram do Governo de Pernambuco a regularização de suas terras, assegurando-lhes o direito de permanência, o trabalho e a produção subsistente. As famílias esperam ser ouvidas pelo governador Paulo Câmara.
A Pastoral afirma ainda que mais de 1,5 mil famílias agricultoras que vivem em comunidades camponesas na Mata Sul e Norte há várias décadas estão ameaçadas de expulsão e vítimas de violações de direitos humanos promovidas por empresas dos ramos imobiliário, sucroalcooleiro e pecuarista.
“Nós não aguentamos mais o sofrimento de ter nossas propriedades invadidas pelos fazendeiros, quebrando e destruindo. A gente depende dela, vivemos trabalhando, criando os animais. Nós vamos a uma delegacia e não temos apoio, não somos apoiados pelo governo, por um deputado, nada”, afirmou Severino Amaro Joaquim, agricultor da comunidade de Batateiras, em Maraial, no interior de Pernambuco.
As famílias também reivindicam que o Judiciário cobre as supostas dívidas milionárias das usinas que funcionavam na região. A mobilização dos camponeses e camponesas também foi acompanhada pela Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Pernambuco (FETAPE) e pela Arquidiocese de Olinda e Recife.