Três cúmplices de Carlos Ghosn são condenados à prisão
Um diretor da empresa de aluguel de aviões privados MNG Jet, Okan Kösemen, e dois pilotos foram condenados a quatro anos e dois meses de prisão por 'tráfico de migrantes'
Um tribunal de Istambul condenou, nesta quarta-feira (24), três cidadãos turcos a penas de prisão por terem ajudado o ex-CEO do grupo Renault-Nissan Carlos Ghosn em sua fuga do Japão para o Líbano em 2019.
Um diretor da empresa de aluguel de aviões privados MNG Jet, Okan Kösemen, e dois pilotos foram condenados a quatro anos e dois meses de prisão por "tráfico de migrantes".
Um dos advogados da defesa disse à AFP que vão recorrer da condenação.
O tribunal absolveu, por sua vez, outros dois pilotos e dois comissários de bordo julgados no mesmo processo.
Acusado de malversação financeira, Ghosn fugiu do Japão em um avião particular pertencente à MNG Jet, que aterrissou em Istambul. De lá, ele seguiu para o Líbano, onde se refugiou.
O processo em Istambul expôs as espetaculares circunstâncias da fuga do magnata, de 66 anos, com nacionalidade francesa, libanesa e brasileira.
De acordo com os investigadores, o fugitivo viajou, entre Osaka (oeste do Japão) e Istambul, escondido em uma grande caixa para instrumentos musicais. Nela, foram feitos 70 orifícios para que ele pudesse respirar.
O promotor turco encarregado do julgamento destacou que dois supostos cúmplices de Ghosn, Michael Taylor - um ex-membro das forças especiais dos EUA - e George-Antoine Zayek - um cidadão libanês - "recrutaram" Kösemen, membro da empresa MNG Jet, para facilitar um trânsito tranquilo por Istambul.
De acordo com a ata de acusação, o jato particular pousou no aeroporto Atatürk, de Istambul, e depois Ghosn embarcou em um segundo avião rumo a Beirute.
Ambos os pilotos condenados nesta quarta-feira, Noyan Pasin e Bahri Kutlu Somek, estavam no comando do avião que cobriu o trajeto Osaka-Istambul.
Durante o julgamento, os dois rejeitaram as acusações contra eles, alegando não saber da presença de Ghosn no avião.
"Não esperava essa condenação. Não há provas concretas. Estou muito surpreso", disse Pasin à AFP, após a audiência.
As autoridades turcas acusavam Kösemen de ter recebido várias transferências, no total de mais de 250.000 euros (pouco mais de US$ 300.000) nos meses anteriores ao voo de Ghosn.