Otimismo para desbloquear o Canal de Suez com maré alta
Porta-contêineres Ever Given, de 400 metros de comprimento, permanece bloqueado no Canal de Suez
O porta-contêineres "Ever Given", de 400 metros de comprimento, permanece bloqueado no Canal de Suez, uma das principais vias de navegação do mundo, mas uma maré alta prevista para a tarde de domingo pode facilitar os trabalhos de desencalhe do cargueiro.
Novas operações estavam sendo preparadas para tentar retirar o grande navio de seu bloqueio: o "Ever Given" está retido na diagonal nesta via navegável de 300 metros de largura, o que tem consequências consideráveis para o comércio marítimo.
Especialistas esperam que a maré alta prevista para o domingo facilite os trabalhos das equipes de resgate, que utilizam rebocadores e dragas para aspirar a areia debaixo do cargueiro, cuja proa está presa na margem do canal.
O navio, que tem quase 60 metros de altura e domina a paisagem oeste do canal, estava cercado por rebocadores.
A área conta com uma forte vigilância da segurança do canal, assim como de militares e policiais.
Em uma entrevista a um canal de televisão egípcio no sábado à noite, o almirante Osama Rabie, presidente da Autoridade do Canal de Suez (SCA), afirmou que o navio se "deslocou 30 graus para a direita e a esquerda" pela primeira vez desde o incidente.
"É um bom indicador", disse, em referência aos esforços para desbloquear o navio.
Richard Meade, editor da revista especializada Lloyd's List, afirmou no Twitter: "Fontes próximas à operação de resgate me contaram esta manhã que o otimismo da equipe de especialistas aumentou e que tem a esperança de liberar o navio em 24-48 horas".
- Atrasos e custos -
O cargueiro, de 220.000 toneladas e 400 metros de comprimento, está bloqueado desde terça-feira na parte sul do Canal de Suez, a poucos quilômetros da cidade de mesmo nome, o que impede o tráfego nesta via que representa mais de 10% do comércio marítimo internacional.
Como resultado, mais de 300 navios estão em um grande engarrafamento nos dois extremos do canal, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo.
Cada dia de bloqueio provoca importantes atrasos e custos à indústria. Os primeiros efeitos já foram notados: a Síria afirmou no sábado que começou a racionar a distribuição de combustível pelo atraso na entrega de um carregamento de petróleo.
As autoridades do canal calculam que o Egito perde entre 12 e 14 milhões por dia com o fechamento, enquanto a revista Lloyd's List avalia que o porta-contêineres bloqueia a cada 24 horas o equivalente a 9,5 bilhões de dólares de mercadorias.
Sites de tráfego marítimo como Vesselfinder e Marine Traffic mostram neste domingo que dezenas de navios aguardam no Golfo de Suez, na zona de espera no meio do canal ou na entrada do Mediterrâneo, próximo de Porto Said.
As grandes empresas de transporte marítimo Maersk e Hapag-Lloyd afirmaram na quinta-feira que estudavam a possibilidade de alterar a rota de seus navios para o Cabo da Boa Esperança, um desvio de 9.000 quilômetros e pelo menos sete dias a mais de navegação.
Rabie afirmou que uma possível "falha humana" foi a origem do incidente e que as condições meteorológicas mencionadas inicialmente (fortes ventos e tempestade de areia) não eram a única razão do incidente.