Escola de Miami proíbe professores de serem vacinados

A cofundadora da escola no bairro rico de Design District se baseou em uma fake news

ter, 27/04/2021 - 17:50
Reprodução/GoogleMaps Escola que proibiu professores de se vacinarem Reprodução/GoogleMaps

Uma escola particular em Miami proibiu seus professores e outros funcionários de receber a vacina contra a covid-19, citando argumentos infundados e "impossíveis" de que o contato com pessoas vacinadas seria prejudicial para as crianças.

Leila Centner, cofundadora da escola Centner Academy em Miami, escreveu em uma carta a sua equipe que professores vacinados não serão permitidos ficar perto de crianças.

Para aqueles que não foram imunizados, exige que não o façam até o final do ano letivo.

"Houve relatos de pessoas não vacinadas sendo afetadas negativamente pela interação com pessoas que foram vacinadas", informou Centner, em uma alegação falsa de acordo com cientistas e refutada por vários verificadores de fatos.

"Não há evidências que sugiram que a vacina faça com que uma pessoa transmita o vírus SARS-CoV-2", disse Jamie Scott, professor emérito e ex-professor pesquisador em imunidade molecular na Simon Fraser University, no Canadá.

"É impossível, uma vez que todas as vacinas fazem as células produzirem apenas a proteína espicular e nenhum outro componente do vírus", explicou o especialista à AFP Fact Check, equipe de verificadores da AFP.

Leila Centner acrescenta em sua carta que "milhares" de ciclos menstruais foram afetados pela vacina e que ela causou um aumento de "366%" nos abortos, sobre os quais também não há evidências.

Para essa afirmação, a cofundadora da escola no bairro rico de Design District se baseou em um artigo publicado em um portal chamado The Daily Expose.

O veículo é categorizado como "conspiratório e pseudociência", pois publica "informações não verificadas nem sempre sustentadas por evidências", segundo o site mediabiasfactcheck.com, que monitora a seriedade e a confiabilidade da mídia.

AFP Fact Check também refutou esta última afirmação em fevereiro. "Nenhuma evidência indicou um aumento de abortos após as vacinas contra a covid-19 e nenhum padrão preocupante de notificação (de abortos) foi observado", disse um porta-voz do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

A escola particular, que leciona para o ensino fundamental e médio, já tinha uma política peculiar de vacinação antes da pandemia. Em seu site, informa que não é obrigatório que seus alunos sejam vacinados.

COMENTÁRIOS dos leitores