Avanço dos desmatamentos liga alerta do setor ambiental

No mês de março de 2021, Pará teve marca recorde de área desmatada, segundo pesquisa do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)

sex, 07/05/2021 - 17:11
Agência Pará/Arquivo Clarões na floresta revelam aumento do desmatamento ilegal Agência Pará/Arquivo

O Pará, no mês de março, apresentou aumento de desmatamentos ilegais na região da Amazônia Legal e passou a ocupar a liderança entre os Estados com mais áreas desmatadas em 2021, com 35%. É o que apontam dados da pesquisa do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), obtidos pelo Sistema de Alerta do Desmatamento.

Os dados mostram também que ocorreu um aumento de 216% no desmatamento em relação ao mesmo mês do ano passado, quando a área desmatada contabilizou cerca de 256 km². A pesquisa mostra também que a nova série de desmatamentos foi a maior registrada nos últimos 10 anos no Estado.

Segundo a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim, entre os principais fatores que podem ter colaborado para o aumento da prática está a apropriação de florestas públicas que ainda não têm uma destinação, ou seja, a grilagem de terras.

A pesquisadora ressalta também que mudanças ambientais podem ocorrer caso a prática ilegal continue. “Em relação às consequências do desmatamento, elas são diversas. Nós podemos citar o comprometimento do equilíbrio ambiental como as mudanças climáticas, perda da biodiversidade, tanto vegetal quanto animal. Podemos ter também a intensificação do processo de desertificação em áreas, principalmente, mais secas, com a extinção de rios através do processo de assoreamento e ainda alteração do ciclo hidrológico, que afeta tanto a produção de grãos quanto o abastecimento natural dos reservatórios de água”, assinalou Larissa Amorim.

De acordo com o engenheiro Rodrigo Rodrigues, mestre em Engenharia Ambiental e Engenharia Civil e professor da UNAMA - Universidade da Amazônia, a política de exploração, adotada pelo governo federal, tem atrapalhado o desenvolvimento de medidas cientificas e tecnológicas mais efetivas no combate ao desmatamento.

“Não existe uma política favorável ao reflorestamento e ao combate de queimadas. Investimentos no setor são removidos ou são reduzidos, em uma política que favorece uma ideia de crescimento econômico através da exploração. A gente não consegue mais fazer com que a ciência e a tecnologia tenham um bom desempenho nesse processo. Elas são automaticamente desprezadas nesse modelo de gestão”, disse o professor.

Em nota enviada ao portal LeiaJá, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informou que tem atuado no combate ao desmatamento em áreas do Estado e em empreendimentos cujo licenciamento é estadual através da estratégia do Plano Amazônia Agora, que tem como objetivo alcançar o patamar de emissão líquida zero até 2036. Além disso, informa a nota, o Estado avança em ações repressivas, aliadas à regularização fundiária e ambiental e ao apoio à produção rural sustentável. 

Segundo o órgão, no mês de abril, foram embargadas 52 áreas estaduais, onde foram detectadas ocorrências de desmatamento ilegal. De acordo com dados do sistema de alerta Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro a dezembro de 2020, o Pará reduziu em 13% o desmatamento em áreas estaduais em comparação ao mesmo período de 2019, enquanto que em terras federais o aumento foi de 6% também no mesmo período.

Por Erick Baia.

 

 

 

 

 

 

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