Coronofobia se torna presente na pandemia

Transtorno pode ser gerado pelo medo da infecção ou insegurança de pessoas próximas contraírem o novo coronavírus, além do temor quanto às sequelas causadas pela Covid-19

por Alfredo Carvalho ter, 01/06/2021 - 19:43
Flickr/Petras Gagilas Coronofobia é um tipo de transtorno Flickr/Petras Gagilas

O cenário de pandemia causado pelo novo coronavírus (Covid-19) resultou em um misto de incertezas na população e provocou diversas angústias, transtornos e perturbações psicológicas, seja por questões de saúde ou por conta da economia, que também foi afetada na crise sanitária. Diante desta situação, este novo quadro de ansiedade que destaca o medo constante do novo vírus ganhou um nome: coronofobia.

De acordo com o psicanalista, pós graduado em neurociência Gregor Osipoff, as fobias são representações de medos internos, que podem ser relacionadas com o passado do paciente. “Elas se manifestam em forma de fobia, com os mais variados sintomas psicológicos e fisiológicos”, descreve.

No caso da coronofobia, Osipoff aponta que o fato da pandemia se estender por tanto tempo, junto ao crescimento do quadro de infecção, pode contribuir com a manifestação do transtorno. Neste caso, as pessoas devem observar se o medo não interfere em seus aspectos emocionais e psicológicos, que impedem as realizações de projetos futuros e cria distúrbios de comportamento que as deixam mais ansiosas e depressivas de maneira irracional.

Para amenizar os quadros da coronofobia ou de qualquer outra fobia, Osipoff, explica que o primeiro passo é se reconhecer neste quadro e procurar por um especialista que possa proporcionar conforto emocional, pois esses transtornos podem afetar a qualidade de vida e privar a vítima de seguir com as atividades essenciais do cotidiano. “Em especial o quadro da coronofobia, em que as pessoas são bombardeadas o dia inteiro por informações ligadas ao assunto, o que as deixam ainda mais transtornadas com o tema. Para amenizar, é recomendável ficar longe do conteúdo que provoca o transtorno e procurar um especialista da área”, orienta o psicanalista.

Além das incertezas e medos causados pela pandemia, a neuropsicóloga Nívea Loza lembra que este é um momento de administração dos lutos, uma vez que a doença já vitimou mais de 460 mil pessoas no país e muitos familiares não tiveram a chance de se despedirem, o que pode gerar diversas doenças emocionais. “Com isso, podem surgir outras fobias, como por exemplo a fobia social, na qual as pessoas começam a temer as relações que envolvem muita gente. Vivemos um momento de perturbação emocional, de medo e pânico, além da incerteza de quando tudo isso acabará”, ressalta.

Segundo a neuropsicóloga, a coronofobia não se resume apenas ao medo de ser infectado, mas também outros receios como: temer que pessoas próximas contraíram o vírus, achar que perderá tudo, a insegurança de se relacionar com outras pessoas, as sequelas que infecção pode deixar e o temor da morte. “No momento, é preciso ter calma, cuidado, tranquilidade e ter certeza de que tudo isso passará”, afirma Nívea.

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