Comerciante bolsonarista amarra e espanca quilombola

A vítima foi linchada após jogar uma pedra em seu mercadinho por ser chamado de bandido e drogado

por Victor Gouveia ter, 14/09/2021 - 08:39

Um comerciante da cidade de Portalegre, no Rio Grande do Norte, amarrou um quilombola em situação de rua, o espancou e arrastou pelas ruas do município. Publicações do agressor nas redes sociais indicam seu apreço à ideologia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O agredido teria jogado pedras em seu mercadinho após ser ofendido. Moradores apontaram que o dono do mercadinho identificado como Alberan Freitas não tinha provas, mas espalhou que o quilombola Luciano Simplício era "bandido e drogado". Ele está em situação de rua após perder os pais. Os comentários revoltaram o rapaz, que atirou pedras no estabelecimento, segundo o portal Mossoró Hoje

Sem ter competência policial, Alberan ‘capturou’ do homem com uma corda. Em seguida, o amarrou e começou a arrastá-lo pelas ruas de Portalegre, no sábado (11). Em um registro que repercutiu nas redes sociais, Luciano aparece de bruços no chão e leva um pisão nas costas. Ele pede ajuda e testemunhas tentam convencer o comerciante a parar com as agressões.

Durante o linchamento, Alberan confirma a história e justifica que sua reação foi por defesa. "O que é meu, eu tenho o direito de defender", afirma. 

A Polícia Militar encaminhou ambos à Delegacia de Pau dos Ferros, onde o quilombola foi autuado por depredação e o comerciante por lesão corporal. A Delegacia de Portoalegre ficou responsável pelas investigações.

O coordenador nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), Aércio de Lima, descreveu que a cena redesenha uma postura escravocrata e racista. “A Conaq está acompanhando o caso, estamos com nossos advogados, orientando e dando todo o apoio. A Conaq enxerga isso como uma reprodução da escravatura. Aquele homem branco, que vem de uma família de coronel, se sentiu no direito de fazer aquilo com um homem negro. A gente vê como uma reprodução da escravatura, como um racismo muito cruel”, destacou ao Fórum.

Atenção! O vídeo contém imagens fortes:

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