Justiça proíbe empresa de dar ivermectina a funcionários

Trabalhadores recebiam a medicação com intuito de combate à Covid-19

por Paulo Uchôa qui, 16/09/2021 - 16:50
Luis ROBAYO / AFP Ivermectina Luis ROBAYO / AFP

A Justiça do Trabalho determinou que uma empresa de Santa Catarina não forneça ivermectina aos seus funcionários como forma de tratamento da Covid-19. Em março, a BBC Brasil identificou que a Zanotti Elásticos estava dando aos trabalhadores medicamentos sem eficácia para combater a doença. Após a descoberta, o Ministério Público do Trabalho acabou iniciando uma investigação para apurar o caso.

Assim como a Zanotti, que não se manifestou sobre o assunto, mais três empresas também faziam prática da distribuição do remédio. No ato do recebimento do "Kit Covid", colaboradores assinavam um termo dizendo que sabiam da ação, que ela era "experimental por ausência de estudos científicos de alta qualidade".

O MPT chegou a ouvir ex-funcionários e o médico da Zanotti, revelando a entrega da ivermectina. A empresa também teria recusado do órgão um pedido de não mais fornecer a medicação, sob a orientação de que a prática não era comprovada e reconhecida pela OMS e nem pela Anvisa, dentro do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta).

Na decisão, segundo informações do Uol, o juiz Carlos Aparecido Zardo disse: "As redes sociais foram abarrotadas de fake news sobre os tratamentos precoces, sem qualquer comprovação científica. Todavia, é público e notório que a OMS (Organização Mundial da Saúde), até o presente momento, não recomenda a utilização de ivermectina como tratamento precoce para a infecção causada pelo coronavírus".

A sentença, de caráter liminar, corre na 2ª vara do trabalho de Jaraguá do Sul. De acordo com o magistrado, a medicação foi dada para os funcionários "sem avaliação e indicação médica prévia e sem os devidos esclarecimentos acerca dos efeitos colaterais, o que revela a possibilidade de ocasionar prejuízos à saúde dos trabalhadores".

Caso a empresa interfira na relação de funcionários e médico, além de também de tentar desenvolver uma campanha de incentivo de medicamentos que não sigam indicações, a multa será de R$ 50 mil.

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