Venda ilegal de gás de cozinha para carros cresce na web
Tentando driblar a alta da gasolina, brasileiros estão em busca de kits de conversão que transformam o gás liquefeito de petróleo, o GLP, em combustível para automóveis. A prática, no entanto, é contra a lei e perigosa
Com a alta dos valores da gasolina, os brasileiros estão lançando mão das mais diversas estratégias para aliviar o orçamento do mês. Algumas delas, perigosas e contra a lei, como a conversão clandestina de veículos para gás liquefeito de petróleo, o GLP, mais conhecido como gás de cozinha. A prática já ganhou espaço até na internet, em plataformas de compra e venda, como o Mercado Livre.
De acordo com reportagem da BBC News, é possível comprar kits de conversão no comércio virtual por valores que variam de R$ 500 a R$ 1 mil. Segundo os vendedores, a adaptação nos veículos pode garantir uma economia de "30% na cidade e 50% na estrada". A prática, no entanto, é ilegal, definida como crime contra a ordem econômica na Lei 8.176 de 1991.
Já a resolução 673 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) prevê que utilizar gás de cozinha em automóveis é infração grave. O motorista flagrado perde cinco pontos na carteira, pode ser multado em R$ 195,23 além de ter o veículo apreendido. A infração também está descrita no artigo 230 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e em normativa da ANP (Resolução ANP nº 49 de 2016).
No entanto, em entrevista à BBC News, o professor Fabio Gallo Garcia, da FGV e da PUC-SP afirmou que a troca, além de ser arriscada, não compensa tanto assim no bolso. De acordo com os cálculos do especialista, considerando um kit de conversão de R$ 1 mil, demoraria 38 meses para o investimento se pagar, rodando 1.000 km por mês. Além disso, o alto risco de explosão expõe condutores, epdestres e ciclistas à insegurança no trânsito.