Em Belém, com a Virgem ao lado do povo, é Círio outra vez

Devoção à Nossa Senhora de Nazaré se espalha pela cidade e renova a esperança dos paraenses em dias melhores

sex, 08/10/2021 - 12:03
Basílica de Nazaré Berlinda nas ruas de Belém. Paraenses renovam a fé em Nossa Senhora. Basílica de Nazaré

Desde a última quinzena do mês de setembro que Belém já não era a mesma. Na cidade, um típico cheiro de maniva no fogo, as casas começam a ser decoradas, o comércio a se agitar, as noites marcadas por novenas na vizinhança, cantos e orações.

No simples caminhar pelos bairros, o que se vê é um colorido que toma conta das ruas, das comunidades e vielas. Seja com pequenas berlindas e faixas com saudações em frente às casas e prédios comerciais ou em camisas personalizadas à venda com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, estendidas em varal improvisado nas esquinas. 

Vemos a tradição nas fitas amarradas com pedidos no gradeado da Praça Santuário ou nos pulsos dos romeiros, que saem de várias cidades do interior do Estado e, como um mar de gente, descem em caminhada, rumo à Cidade das Mangueiras.

Eles se encontram às margens da BR-316 por horas, quilômetros e dias compartilhando pedidos, agradecimentos, devoção, dores físicas e fé. É bem verdade, são ajudados durante todo percurso por “anjos nazarenos e marianos” com entrega de alimentos, hidratação e curativos nos pés machucados.

Como é lindo de ver, seja por todo o caminho ou nos metros finais da chegada, a energia que toma conta deles e, em um toque de mágica, como os devotos são alçados pelos sentimentos da fé e, mesmo exaustos, ainda conseguem dar o último grito, lavados em lágrimas, suor e satisfação por completar o trajeto, os olhares fixos de contemplação e agradecimentos, com joelhos colados ao chão em frente à Basílica.  

Enquanto isso, os grupos de desconhecidos, familiares, amigos saúdam e parabenizam com aplausos, fogos e vibrações positivas, homens e mulheres que puderam ser abençoados do início da caminhada até finalizar a batalha física, mental pela devoção a “Nazinha”, como a Santa é chamada carinhosamente pelos fiéis.

Aos poucos, é possível ver os primeiros raios do sol, que anunciam a chegada de um novo dia. Ao fundo, como uma espécie de balé sincronizado, aves em cantoria se juntam ao badalar dos sinos que ecoam no bairro de Nazaré, no centro da cidade. Nas casas tudo está sendo organizado para o preparo do almoço em família. Que como em um ritual, só é servido quando é anunciada a chegada da imagem da “Mãe dos Paraenses”. 

Desta vez, assim como no ano anterior, não teremos procissão, para evitar a disseminação do vírus que parou o mundo por certo período mas não afastou a fé, a esperança e a devoção de um povo. Que faz deste momento uma comemoração similar ao Natal, pois quando chega o mês de outubro por aqui é possível constatar, por essas e por outras historias, que é Círio outra vez.

Por Dinei Souza.

 

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