ONU clama por defesa dos direitos das mulheres
António Guterres, fez um apelo nesta quinta-feira (21) para que se reverta o declínio nos direitos das mulheres no Afeganistão governado pelos talibãs e em qualquer outro lugar do planeta
O secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, fez um apelo nesta quinta-feira (21) para que se reverta o declínio nos direitos das mulheres no Afeganistão governado pelos talibãs e em qualquer outro lugar do planeta.
"Precisamos contra-atacar - e adiantar o relógio - para cada mulher e menina", disse Guterres no Conselho de Segurança.
"As mulheres não vão mais aceitar retrocessos em seus direitos. Elas não deveriam passar por isso, tanto em países em conflito como em qualquer outro lugar", acrescentou.
Em Mianmar, Etiópia, Iêmen e em outras partes do mundo os direitos das mulheres estão sendo violados ou totalmente eliminados, afirmou Guterres.
"No Mali, após dois golpes de Estado em nove meses, o espaço para os direitos das mulheres não está apenas diminuindo, mas se fechando", frisou.
"No Afeganistão, meninas e mulheres estão testemunhando a rápida reversão dos direitos conseguidos nas últimas décadas, inclusive o direito de frequentarem uma sala de aula", destacou o secretário-geral.
Desde que o movimento talibã retomou o poder no país em agosto, ele excluiu as meninas de retornarem às aulas nas escolas secundárias, enquanto permitiu que os meninos voltassem a estudar.
"No Afeganistão, a ONU permanece e continua atuando, e seguirá promovendo e defendendo os direitos de mulheres e meninas em todos os nossos contatos com as autoridades talibãs", assinalou Guterres.
"Não vamos parar até que as meninas possam voltar para a escola, e as mulheres possam retomar seus empregos e participar da vida pública", sentenciou.
Fawzia Koofi, uma ex-negociadora do governo afegão e integrante do Parlamento do país, lamentou o fato de o governo do Talibã não ter incluído as mulheres.
"Não é apenas uma questão política ou social, mas de segurança", disse Koofi, que esteve em Nova York à frente de uma delegação de quatro mulheres afegãs, durante encontro com jornalistas na sede das Nações Unidas.
"Se houver um governo confiável no Afeganistão, que promova a diversidade e a inclusão de todos, inclusive mulheres," ele "pode ser visto como um parceiro confiável pelo resto do mundo. No entanto, este não é o caso na prática", concluiu.