Chefe da ONU critica líderes do Líbano por crise
Além da crise económica, a paralisia política impede o lançamento das reformas necessárias, num contexto em que mais de 80% da população vive abaixo da linha da pobreza
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chegou neste domingo (19) ao Líbano, onde criticou duramente os líderes políticos locais e os acusou de "paralisar" o país, atingido por uma crise econômica e financeira.
"Vim com uma mensagem simples: a ONU se solidariza com o povo libanês", disse Guterres durante coletiva de imprensa após sua reunião com o presidente Michel Aoun no palácio presidencial em Baabda, perto da capital Beirute.
"Diante do sofrimento do povo libanês, os líderes políticos não têm o direito de paralisar o país com suas divisões", acrescentou ele, pedindo ao responsáveis que "trabalhem juntos" para resolver a crise pela qual o Líbano está passando, uma das piores desde 1850, segundo o Banco Mundial.
O secretário-geral também frisou que o objetivo de sua visita era "discutir as melhores maneiras de apoiar o povo libanês para ajudá-lo a superar esta crise e promover a paz, estabilidade e desenvolvimento durável".
Além da crise económica, a paralisia política impede o lançamento das reformas necessárias, num contexto em que mais de 80% da população vive abaixo da linha da pobreza.
O governo libanês não se reúne desde meados de outubro, em meio a divisões políticas sobre o trabalho de um juiz que investiga a explosão no porto de Beirute em agosto de 2020, que deixou pelo menos 215 mortos, 6.500 feridos e destruiu áreas inteiras da capital.
Referindo-se às eleições parlamentares programadas para a próxima primavera, Guterres convocou os libaneses a "participarem plenamente na escolha dos rumos de seu país".
Por sua vez, o presidente Aoun prometeu "eleições transparentes e justas que reflitam a verdadeira vontade dos libaneses ao eleger seus representantes".
Na manhã de segunda-feira, Guterres tem previsão de visitar o porto de Beirute "para fazer um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da explosão e suas famílias".