Flurona: entenda a gravidade e como evitar a coinfecção

Pernambuco já confirmou 31 casos de pessoas infectadas com a Covid-19 e a influenza ao mesmo tempo

por Jameson Ramos sex, 07/01/2022 - 17:31
Fernando Frazão/Agência Brasil Pernambuco confirmou 31 casos de coinfecção Fernando Frazão/Agência Brasil

Com a pandemia da Covid-19 e a epidemia da influenza A H3N2, brasileiros estão cada vez mais testando positivo para os dois vírus. Em último levantamento divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde na quinta-feira (6), Pernambuco confirmou 31 casos de coinfecções. 

Essa infecção dupla está sendo apelidada de ‘flurona’, que é uma designação definida a partir dos termos "flu" (gripe, em inglês) e "rona" (de coronavírus). No entanto, a flurona não é uma nova doença, apenas um apelido.

A infectologista Angela Rocha confirma que a coinfecção não é rara na medicina, já tendo acontecido em outras situações. "Na hora que vários vírus circulam existe a possibilidade de ao mesmo tempo você se infectar com eles, principalmente esses dois vírus, tanto da influenza como da Covid-19, que a transmissão é predominantemente respiratória", detalha a especialista.

O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, revelou que os primeiros casos de coinfecção foram registrados com o início da própria Covid-19, em 2020. "Como ficamos por um longo tempo sem nenhuma circulação do vírus da influenza, isto ficou até esquecido, mas agora, com esta forte aceleração da contaminação, estamos vendo novos casos", revela o secretário.

Longo salienta que não há indícios de que a infecção com os dois vírus ao mesmo tempo aumente a gravidade dos casos, já que - mesmo coinfectado -, o paciente não desenvolve o "duplo efeito".

Em Pernambuco, dos 31 casos registrados da flurona, apenas um evoluiu para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Trata-se de um homem de 77 anos, do município de Vitória de Santo Antão, que teve o início dos sintomas na segunda quinzena de dezembro de 2021.

Como evitar a coinfecção

A infectologista Angela Rocha corrobora que a influenza já circulava quando os casos de Covid-19 surgiram no país, no entanto, como na época as pessoas temiam a doença do novo coronavírus e estavam se cuidando mais com máscara, álcool em gel e distanciamento, os efeitos da influenza não foram sentidos na época.

Agora, com a população vivendo a falsa sensação de proteção por conta da vacina da Covid-19, acabou baixando a guarda e dando abertura para o início da epidemia da influenza A H3N2, que está circulando em um período que não era esperado pelos especialistas, já que a época da sazonalidade para essa doença é o período de chuva, entre os meses de maio, junho e julho de cada ano.

“A procura pela vacina da gripe diminuiu porque as pessoas estavam preocupadas com a Covid. Durante o ano passado, se exigia um intervalo entre a vacina da Covid e da influenza de 14 dias. Nesses 14 dias, a pessoa tomava a vacina da Covid-19, dando prioridade, mas não tomava da influenza, mesmo os grupos de risco que o Ministério [da Saúde] cobria”, assevera.

Por isso, a especialista declara que a população deve procurar um local mais próximo de aplicação da vacina contra a influenza do seu município. Ela salienta que ainda não existe vacina específica contra a cepa H3N2, mas o imunizante disponível contra a gripe pode auxiliar na redução dos sintomas caso seja infectado.

Além disso, Rocha sinaliza ser indispensável o uso de máscara de proteção, higienização constante das mãos e evitar as aglomerações de pessoas, só assim os casos de coinfecção e o combate aos vírus que estão circulando podem diminuir.

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