Em Belém, descarte inadequado do lixo afeta meio ambiente

A capital paraense produz cerca de mil toneladas de resíduos por dia. Especialista afirma que educação ambiental pode ser a solução para o problema.

sex, 14/01/2022 - 10:26

Belém completou mais um ano de fundação na quarta-feira (12); são 406 anos de muitas histórias e riquezas. Apesar da beleza da cidade das mangueiras, a capital paraense ainda sofre com o descarte inadequado do lixo pelas ruas.

De acordo com dados recentes divulgados pela prefeitura, a cidade produz, em média, mil toneladas de lixo por dia e tem pelo menos 100 pontos críticos de descarte irregular de resíduos sólidos. O educador ambiental Paulo Pinho explica que isso ainda é um problema porque a gestão pública brasileira, como um todo, é muito precária, especialmente na área de saneamento, em que a questão do lixo está inserida.

O professor aponta que os brasileiros não têm acesso ao básico, e isso compromete todo o nosso processo de desenvolvimento. A solução, segundo ele, passa por enfrentar o desafio estrutural que vai desde o racismo até o acesso aos direitos básicos. “Resolvido esse problema maior, nós vamos enfrentar as políticas setoriais. Então, tudo começa com planejamento”, afirma.

Paulo Pinho acrescenta que, a partir de um bom plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos, são necessárias boas equipes para gerir esses planos e equipes para fiscalizá-los. “A gente está falando de fortalecimento do quadro institucional do poder público municipal nas três esferas”, ressalta.

O educador afirma que a sociedade deve exigir dos seus representantes que a educação e o saneamento sejam prioridades por causa da estreita ligação com a saúde. Além disso, cada um deve fazer sua parte em relação ao lixo e segregar corretamente os resíduos. Para ele, a prefeitura deve envolver toda a população para que todo mundo faça sua. "Aqueles que precisem de informação, que tenham campanha de educação ambiental, mas também tenha punição depois de uma campanha de informação”, afirma.

Em entrevista ao LeiaJá Pará, o coordenador do grupo de trabalho de educação ambiental da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), Victor Ximenes, a prefeitura lançou o edital para a criação de estudos da elaboração da Parceria Público Privada visando recuperar o lixão do Aurá, limpeza urbana, coleta de resíduos sólidos e disposição final do lixo domiciliar.

Além disso, foi realizada a licitação para a construção de três ecopontos na Bernardo Sayão com José Bonifácio, São Joaquim e Estrada do Bagé. “Serão pontos de recebimento de pequenos volumes de recicláveis e de inertes. A provisão até o final do governo é de ter 10 [ecopontos]”, afirmou.

Existem três grandes desafios para manter a limpeza urbana: um novo hábito da população em relação ao manejo adequado de resíduos sólidos, segregar o que é reciclado, reaproveitado e destinado para o aterro sanitário; a instalação de novas empresas e tecnologias que permitam o reaproveitamento para reciclagem de quase todos os produtos que são descartados. e a responsabilidade socioambiental da iniciativa privada, sociedade civil e poder público.

De acordo com a Sesan, a prefeitura vai implementar o Projeto de Educação Ambiental e Coleta Seletiva em 210 escolas municipais, com a participação dos professores, estudantes e da comunidade. Órgãos públicos, por meio da Sesan e Secretaria Municipal de Administração (Semad), estarão realizando o mesmo projeto nos órgãos municipais.

Por Isabella Cordeiro.

 

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