Aplicativo auxilia tratamento de pessoas com Alzheimer
Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) usam tecnologia para treinar funções cognitivas de portadores da doença
Um aplicativo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) vem ajudando pessoas no tratamento de Alzheimer. O MemoryLife utiliza jogos e outros recursos tecnológicos para treinar aspectos cognitivos de portadores da doença.
Coordenadora da pesquisa, a professora Kátia Omura disse que o aplicativo gera impactos positivos na atenção aos pacientes. Segundo a Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer), a doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. Em geral, afeta pessoas idosas.
A doença se apresenta como demência ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.
O projetodo MemoryLife foi desenvolvido em 2016 pela professora Kátia Omura com os alunos Alanna Ferreira, da Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO), e Ailson Freire, do curso de Engenharia da Computação, com o objetivo de ajudar a cognição de idosos, sobretudo os que são portadores de Alzheimer.
“Quando eu clinicava, eu não encontrava recursos disponíveis específicos para este público, os recursos disponíveis não conseguiam alcançar o objetivo do paciente. Minha avó tinha Alzheimer e não falava português. Pensei em fazer algo que não fosse necessário ler e que estimulasse cognitivamente o idoso”, informou a pesquisadora, que é terapeuta ocupacional e doutora em neurociências.
O aplicativo Memorylife teve uma grande aceitação pelo público. Conta com jogos divididos nas categorias de memória e lógica, com diferentes níveis, para treinar os aspectos cognitivos mais afetados pela doença.
Todos os jogos remetem ao cotidiano dos usuários, relacionados sempre a suas atividades diárias. Ele pode ser utilizado duas vezes por semana por até 30 minutos ao dia. A APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) também usa o aplicativo para auxiliar os seus pacientes.
A professora ressalta que o intuito do aplicativo é evitar o avanço da doença, ou seja, retardar o processo, uma vez que o Alzheimer é irreversível. “O projeto está em processo de atualização. A Fapespa ofereceu auxílio para que este projeto venha dar continuidade", conclui. Omura garante que até o final deste ano o aplicativo já estará com uma nova atualização.
Jogos que estimulam o desenvolvimento cognitivo também são auxiliares importantes no tratamento de outros transtornos, como no caso do TEA (Transtorno do Espectro Autista). Estudos apontam que o uso da tecnologia em terapias para o autismo são eficazes porque habilitam a cognição.
Reportagem de Amanda Martins e Clóvis de Senna.