Não é hora de flexibilizar o uso das máscaras

O infectologista Filipe Prohaska faz alertas sobre a flexibilização do uso de máscara

por Alice Albuquerque seg, 14/03/2022 - 20:40
Reprodução/YouTube Pernambuco ainda não tem 80% da população com o ciclo vacinal completo Reprodução/YouTube

Contrário a possível decisão do governo, de mudar o status da “pandemia” da Covid-19 para “endemia” - tornando a Covid-19 como doenças típicas, que se manifestam com frequência em determinada região, mas que a população e os serviços de saúde já estão preparados, como acontece anualmente com o surto de gripe, por exemplo - o chefe da Triagem de Doenças Infecciosas do Hospital Oswaldo Cruz (HUOC) e médico infectologista do grupo Oncoclínicas, Filipe Prohaska, ressaltou que é "difícil falar de endemia ainda com esses números", e pontuou a questão da vacinação infantil.



"É difícil falar em endemia se você ainda tem grupos populacionais não vacinados. Nós temos números ainda elevados. Temos, sim, uma queda no número de mortes, que foi devido ao avanço da vacinação, mas acredito que a gente precisa avançar muito na vacinação das crianças para poder, aí sim, entrar no status de endemia", declarou. 

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"O que a gente ainda precisa melhorar é essa questão do status vacinal pediátrico para poder ter uma segurança maior com relação a essa ideia de endemia nos próximos meses, e com números melhores", afirmou. 

Questionado sobre a fase da pandemia que estamos vivendo, Prohaska disse acreditar que essa é uma "fase final", mas que ainda há a possibilidade de novas variantes. "Acredito que estamos numa fase final da pandemia, que o pior já passou. Acho que ainda há a possibilidade de novas variantes surgirem, mas que não teriam o mesmo impacto que a gente sofreu nos anos anteriores. No meio do ano devemos estar numa fase bem melhor, mas que só devemos sair mesmo da pandemia quando alcançar níveis vacinais superiores a 85/90% da população com doses completas de vacina", explicou. 



De acordo com o Painel de Acompanhamento Vacinal do Governo de Pernambuco, atualizado no fim da tarde desta segunda-feira (14), o Estado tem 17.470.738 doses aplicadas e soma 76,98% de pessoas com a cobertura vacinal completa. 

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O infectologista disse, ainda, que toda pandemia que já existiu trouxe grandes mudanças para a humanidade, inclusive positivas, mas que desta vez talvez não seja da mesma forma. "Algumas mudanças foram boas, como a pandemia da Peste Negra, que trouxe o conceito de saneamento básico, o que mudou radicalmente a qualidade de vida das pessoas e aumentou a expectativa de vida. Na Gripe Espanhola muitos conceitos foram modificados, muitos contextos de socialização e de mundo foram criados, inclusive a Copa do Mundo, a reformulação do modelo das Olímpiadas, tudo isso numa ideia de tentar viver num mundo melhor. O problema é que no fim da pandemia da Covid-19 a gente começa a ver guerra, o que faz pensar que a humanidade neste momento não parece ter evoluído muito com o fim da pandemia", detalhou.

Acho que as sequelas maiores que vamos ter são as doenças mentais, por todo o processo que vem acontecendo no mundo e como isso vem acontecendo na nossa cabeça, na desinformação e até mesmo as guerras", finalizou.

Estados que liberaram o uso

Dos Estados que já liberaram o uso de máscaras, São Paulo, o pioneiro na vacinação no Brasil, está com 84% da população com o esquema vacinal completo. Já o Distrito Federal, 80,50% da população com a segunda dose ou dose única, e apenas 35,25% com a dose de reforço ou adicional. Minas Gerais tem 46,10% com a dose de reforço. 

No Estado do Rio de Janeiro 5.108.224 pessoas com a dose de reforço, já na capital, de acordo com o vacinômetro - que mostra o percentual por cidade -, 93,98% da população tem as duas doses aplicadas. Por sua vez, o Amazonas registra 893.313 das pessoas com a primeira dose de reforço. 76,99% é a população com o primeiro ciclo vacinal completo, sem a dose de reforço em Santa Catarina, já 35,39% é a população com o ciclo vacinal completo no Estado. 

No Mato Grosso, o total de pessoas com o ciclo vacinal completo é de 61,94%. Por sua vez, o Maranhão tem 85,81% da população total com todas as doses da Covid-19. No Espírito Santo, o total de pessoas com a segunda dose é 73,1%. 

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