'Sou condenado pelo resto da minha vida', diz João Victor

Durante depoimento no terceiro dia de julgamento do Caso da Tamarineira, réu alegou que não se lembra do acidente e que não teve intenção de matar

qui, 17/03/2022 - 13:58
Júlio Gomes/LeiaJáImagens João Victor responde perguntas da Defesa Júlio Gomes/LeiaJáImagens

"Sou condenado pelo resto da minha vida", afirmou João Victor Ribeiro, réu no caso Tamarineira, durante depoimento. Nesta quinta-feira (17), é realizado o terceiro dia de seu julgamento, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra, no Recife.

João Victor reconheceu que errou ao beber e dirigir, mas alegou que não se recorda do acidente que tirou a vida de três pessoas e deixou outras duas feridas. "Eu cheguei a tentar me matar de tanto pensar em como fiz aquilo", declarou. 

O réu disse ainda que, depois de preso, descobriu que o chaveiro e o faxineiro planejavam matá-lo na unidade prisional, supostamente em troca de R$ 60 mil. Os homens seriam conhecidos como "Douguinha e "Chapolin". "Não sei de onde vinha esse dinheiro. Soube por eles mesmos, doidões, de álcool e de droga", completou.

João Victor reiterou seu pedido de perdão por sua atuação no caso e disse que precisa de tratamento, por ser dependente químico. "Só sendo um psicopata mesmo pra viver uma vida tranquila sabendo que destruiu cinco famílias ao mesmo tempo. Havendo mortes, sequelas, cadeia, sofrimento, perda. Eu não tive intenção de matar ninguém", colocou.

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Bate-boca

O inquirimento do réu pela defesa foi interrompido por um bate-boca entre a promotora de Justiça Eliane Gaia e a juíza titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, Fernanda Moura de Carvalho. A juíza determinou que a promotora controlasse o gestual durante a fala de João Victor. Gaia teria ironizado o choro do réu. 

A promotora, então, gritou para a juíza: "se contenha". Em seguida, Fernanda Moura de Carvalho disparou "cale a boca". 

Ao final da inquirição da defesa, a sessão foi suspensa até as 14h30, para almoço. O julgamento será retomado com os debates.

O caso

Na colisão, em 26 de novembro de 2017, a esposa Maria Emília Guimarães, de 39 anos, o filho Miguel Arruda da Motta Silveira Neto, de três anos, e a babá Rosiane Maria de Brito Souza, grávida de quatro meses, morreram. A filha mais velha do casal, Marcelinha, hoje com nove anos, sofreu um grave traumatismo craniano e ficou internada por dois meses após o acidente, e faz tratamento até hoje. A menina vive com o pai, o advogado Miguel Arruda da Motta Silveira Filho, de 49 anos, e único outro sobrevivente da tragédia.

De acordo com a Polícia Civil, João Victor havia ingerido álcool por muitas horas consecutivas, em uma festa local, misturando, inclusive, bebidas como cerveja e uísque. Perícias técnicas apontaram que o veículo conduzido pelo estudante de engenharia estava a 108 quilômetros por hora, quando o máximo permitido na via em que ele trafegava é de 60 quilômetros por hora.

A batida aconteceu por volta das 19h30, no cruzamento da Estrada do Arraial com a Rua Cônego Barata, no bairro da Tamarineira. Ainda de acordo com a polícia, o veículo onde viajava a família de quatro pessoas e a babá, que estava grávida, seguia pela Estrada do Arraial, no sentido Casa Forte, na mesma região, quando o outro carro avançou o sinal e causou a colisão. A caminhonete da família estava a cerca de 30 quilômetros por hora.

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