'Filme de terror', relata moradora sobre incêndio no Pina

Até o momento não há vítimas fatais ou com queimaduras

por Alice Albuquerque sex, 06/05/2022 - 21:11
Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens Incêndio atinge comunidade do Pina, Zona Sul do Recife Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens

Com informações de Luan Amaral

Um incêndio que aconteceu na tarde desta sexta-feira (6) destruiu boa parte das palafitas do Beco do Sururu, comunidade localizada na Zona Sul do Recife. Moradores relatam ter vivido cenas de “filme de terror”. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o incêndio já foi confinado e não tem como se propagar mais. Até o momento, não houve nenhuma vítima fatal. 

Dona Vilma, de 58 anos, é doméstica e catadora de sururu. Ela mora na comunidade há muitos anos e já perdeu o barraco duas vezes, sendo a primeira para a Maré e agora no fogo. “Só deu tempo de salvar meus netos”, relatou. “Eu perdi tudo. Geladeira, fogão, mesa, panela, até os documentos eu perdi. Não vi quando começou o fogo porque eu tava catando sururu, só vi meu filho gritando ‘mainha, tá pegando fogo’, e corri pra pegar os meus netos”, disse a doméstica.

“Agora só a graça de Deus para ajudar e dar força a construir tudo de novo”, afirmou. Questionada se voltaria a morar na comunidade, ela disse, Vilma lamentou: “Volto, porque eu não tenho para onde ir”.

Ela disse, ainda, que não quer que “olhem pra ela”. “Quero que olhem para as crianças, são elas que precisam. A minha criança perdeu material escolar, sandália, roupa, tudo. E aí?”, questionou. “Lula é o único que vai tomar atitude pelos pobres. Ele olha para os pobres. Se ele tivesse no poder, eu e nem ninguém tava aqui, não”, completou. 

Filho de Dona Vilma, Jackson Queiroz, de 26 anos, é pescador, e contou que estava dormindo quando ouviu os estalos do fio. “Eu tava dormindo, quando ouvi os estalos do fio e acordei na hora. Quando olhei, era fogo. O fogo tava muito grande, não dá para saber de onde veio”. 

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O comandante do Corpo de Bombeiro, Cristiano Corrêa, explicou que a ação rápida dos Bombeiros impediu que o fogo se alastrasse ainda mais, podendo causar mais desastres. “A nossa equipe chegou com muita brevidade no local e proporcionou que o incêndio não se alastrasse. Incêndios em edificações subnormais tendem a ser muito agressivos, principalmente porque são feitas basicamente por madeira e papelão, materiais extremamente combustíveis e sem nenhum espaço entre as edificações, que se propaga com muita força”. 

“A nossa equipe chegou com muita brevidade no local e proporcionou que o incêndio não se alastrasse. Incêndios em edificações subnormais tendem a ser muito agressivos, principalmente porque são feitas basicamente por madeira e papelão, materiais extremamente combustíveis e sem nenhum espaço entre as edificações, que se propaga com muita força”, disse o comandante. 

De acordo com ele, foi feito um processo de evacuação das pessoas que moravam e/ou transitavam no local. “Apenas duas pessoas apresentaram sintomas de intoxicação respiratória leve e foram conduzidas ao hospital por uma questão de previdência, profilaxia, mas não temos mais relatos de feridos graves. Até o momento, sem informes de queimaduras”.

Corrêa falou que o momento é precipitado para falar da motivação do incêndio, “a nossa maior preocupação é fazer a extinção e guarnecer a seguridade das pessoas. A investigação chegará no seu tempo”. “O incêndio encontra-se confinado, ele não tem propensão de se propagar ao perímetro que está. Estamos no processo de extinção dos últimos focos e, na sequência, iremos iniciar o processo de rescaldo, que é a remoção dos entulhos para evitar um foco secundário”, afirmou. 

O coronel da Defesa Civil, Cássio Sinomar, ressaltou que um plano de contingência foi montado para dar o suporte necessário às vítimas, que precisam ser identificadas e ao Corpo de Bombeiros. “Foi montada, por determinação do prefeito João Campos (PSB), uma sala de situação onde vários secretários estão reunidos recebendo as informações necessárias de campo para dar um suporte às vítimas que estamos atendendo. O nosso papel agora é identificar cada uma dessas pessoas e saber o que cada um precisa, desde abrigo, deslocamento, a colchão e cesta básica”. 

A população da comunidade que tiver interesse poderá ficar no Abrigo Noturno Irmã Dulce dos Pobres, localizado no bairro de São José, próximo à praça Sérgio Lorêto. “A prefeitura do Recife é uma das poucas que disponibiliza abrigo para essas situações. O abrigo Irmã Dulce, comandado pela Secretaria de Direitos Humanos, já está pronto para receber as pessoas que desejam ir para esse abrigo. Caso não seja necessário, vamos dar conta de fazer o deslocamento dessas pessoas”.

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