Coren-PE instaura processo para interdição ética do HR
O Hospital da Restauração poderá não admitir novos pacientes na emergência de trauma até que as medidas de segurança sejam garantidas aos pacientes e profissionais
Os graves problemas estruturais e de subdimensionamento de profissionais no Hospital da Restauração, localizado na Região Central do Recife, levaram o Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) a abrir um processo para interdição ética parcial do exercício profissional da enfermagem.
O parecer para abertura do procedimento foi votado e aprovado nesta quinta-feira (26), depois de um relatório de fiscalizações do órgão apontar que existe grave e iminente risco à saúde e/ou integridade física dos profissionais da categoria que atuam na Emergência de Trauma.
Na prática, se houver a interdição ética, a equipe do Hospital da Restauração não poderá admitir novos pacientes na emergência de trauma até que as medidas que garantam segurança - tanto para quem está internado quanto para os profissionais - sejam tomadas.
“O Coren-PE não tem competência para interditar a estrutura física do hospital, que pode funcionar. Os profissionais de enfermagem do setor ficam impedidos de realizar suas funções. Eles continuarão cuidando de quem já está nesse setor até o paciente evoluir para o internamento”, explicou a chefe do Departamento de Fiscalização/Sede do Coren-PE, Ivana Andrade.
Ela completa que o hospital precisará corrigir as irregularidades. "Até isso acontecer, os pacientes que forem evoluindo podem ir para outros setores, mas novos pacientes não poderão entrar na emergência de trauma até que o hospital cumpra o que será exigido no Termo de Interdição”.
A fiscalização do Coren-PE constatou superlotação de mais de 100% da capacidade instalada na emergência e falta de dimensionamento adequado dos profissionais. Ou seja, o número de profissionais de enfermagem está abaixo do que o recomendado em Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o que pode comprometer a assistência aos pacientes.
Será criada uma Comissão de Sindicância que vai realizar novas visitas ao hospital para verificar as condições em que a equipe de enfermagem está atuando. Esse grupo vai elaborar Relatório Conclusivo, que será encaminhado à Presidência da autarquia.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco, Gilmar Júnior, a medida é enxergada como uma última tentativa para incentivar a melhora do atendimento. “Essa medida nada mais é que a nossa última tentativa para que o Hospital da Restauração preste uma assistência segura à população e dê condições adequadas para o profissional trabalhar. Temos visto, especialmente nos últimos dias, vários problemas, sobretudo estruturais, atrapalhando o atendimento às pessoas, mas isso é a ponta do iceberg do que conseguimos enxergar”, disse Gilmar.