Refugiados: África abriga crises mais esquecidas do mundo

O relatório foi construído pela ONG Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC) e é a primeira vez que o top 10 é totalmente ocupado por países da África

qua, 01/06/2022 - 07:25
Esdras TSONGO A República Democrática do Congo (RDC) aparece em primeiro lugar, com 5,5 milhões de deslocados, especialmente no nordeste do país  Esdras TSONGO

As 10 crises de deslocados "mais esquecidas" do mundo estão na África, afirma a ONG Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC) em um relatório publicado nesta quarta-feira, no qual expressa preocupação com as consequências da guerra na Ucrânia para este continente.

O NRC publica uma lista anual das 10 "crises de deslocamento mais esquecidas" com base em três critérios: falta de vontade política da comunidade internacional para encontrar soluções, falta de cobertura da imprensa e falta de financiamento para as necessidades humanitárias.

A classificação de 2021 "reflete o fracasso crônico das autoridades políticas, dos doadores e dos meios de comunicação no momento de abordar os conflitos e o sofrimento humano neste continente", afirmou o secretário-geral do NRC, Jan Egeland, em um comunicado.

Embora normalmente uma grande proporção de países africanos seja incluída (8 de 10 em 2020), 2021 é o primeiro ano em que "todos os 10 estão em África", segundo o relatório.

Assim como no ano anterior, a República Democrática do Congo (RDC), "um caso de manual de abandono, que aparece na lista pela sexta vez consecutiva" - destaca o NRC -, aparece em primeiro lugar, com 5,5 milhões de deslocados, especialmente no nordeste do país.

"Trata-se de uma das piores crises humanitárias deste século e, no entanto, aqueles dentro e fora da África que têm o poder de mudar a situação ignoram as ondas de ataques brutais e seletivos contra a população civil que estão desintegrando as comunidades", afirmou a ONG.

No oeste da África, Burkina Faso, que tem mais de 1,75 milhão de deslocados, sobretudo no norte do país, cenário de atentados de grupos extremistas, ocupa o segundo lugar, à frente de Camarões, Sudão do Sul, Chade, Mali, Sudão, Nigéria, Burundi e Etiópia.

A fome aumenta na maioria destes países, em particular com o agravamento da situação alimentar após o "aumento dos preços dos trigo e dos combustíveis provocado pela guerra na Ucrânia", alerta o NRC.

"Além disso, vários países doadores estão decidindo ou considerando cortar a ajuda à África para redirecionar os recursos à Ucrânia e ao acolhimento de refugiados em seus países", completa o relatório.

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