Revolta no Egito após incêndio que matou 41 pessoas
O incêndio, causado por um curto-circuito, ocorreu durante uma missa na igreja Abu Sifin, em um beco do populoso bairro de Imbaba
Um dia após o incêndio que matou 41 pessoas em uma igreja copta no Cairo, testemunhas do drama acusaram nesta segunda-feira (15) as autoridades egípcias de negligência, que levaram mais de uma hora para reagir.
O incêndio, causado por um curto-circuito, ocorreu durante uma missa na igreja Abu Sifin, em um beco do populoso bairro de Imbaba.
Segundo as autoridades e a Igreja Copta Egípcia, 41 pessoas morreram e outras 14 ficaram feridas.
Várias testemunhas criticaram a demora dos serviços de emergência, que chegaram "uma hora e meia" depois.
A indignação se espalhou entre os moradores do bairro e depois nas redes sociais, em meio a críticas à "negligência" das autoridades.
- Vítimas asfixiadas -
De acordo com um comunicado do ministro da Saúde, Khaled Abu Ghafar, "as ambulâncias foram informadas do incêndio às 8h57" e as primeiras "chegaram ao local exatamente às 8h59", o que as testemunhas negam.
"Não, a ambulância não chegou em dois minutos", disse Mina Masry à AFP.
"Se tivesse chegado a tempo, teriam conseguido salvar as pessoas", criticou.
As vítimas morreram asfixiadas e não queimadas, indicou a Promotoria egípcia, que destacou a "ausência de ferimentos visíveis".
De acordo com os moradores da área, muitos enfrentaram as chamas e a fumaça para salvar as crianças sozinhos.
"Todo mundo estava tirando as crianças do prédio", contou Ahmed Reda Baiumy, morador do bairro.
"Mas o fogo continuou crescendo e não foi mais possível entrar várias vezes sem correr o risco de sufocar", explicou.
Segundo ele, os bombeiros foram prejudicados pela estreiteza da rua onde está localizada a igreja.
Sayed Tufik, que testemunhou a tragédia, descreveu assim a cena: "alguns se atiraram pelas janelas para escapar do fogo. Olhando para este carro, é possível ver as marcas do impacto deixado por uma pessoa que está hospitalizada com fraturas no braço e nas costas".
- "Responsáveis" -
Em um vídeo postado ao vivo no Facebook, Moha El Harra, que perdeu o filho de seu primo, também acusou os serviços de emergência.
"Sou deste bairro e sei que a ambulância poderia ter chegado aqui em três minutos. Demorou uma hora e meia", garantiu o jovem.
"Queremos simplesmente que se faça justiça. Os serviços locais de ambulâncias, bombeiros, defesa civil, todos têm que assumir a sua responsabilidade", acrescenta.
A lentidão das ambulâncias e dos bombeiros neste caso não é algo isolado.
O Egito tem muitas infraestruturas antigas e os incêndios em suas diferentes províncias são frequentes.
As autoridades não confirmaram quantas crianças morreram.
Jornalistas da AFP presentes nos funerais de domingo observaram diversos caixões para crianças.
A imprensa local publicou uma lista do hospital Imbaba, no Cairo, com a identidade de dez crianças falecidas menores de 16 anos.
Os coptas são a maior comunidade cristã do Oriente Médio, representando entre 10 e 15 dos 103 milhões de egípcios, que são em sua maioria muçulmanos.