Problema no motor: NASA adia lançamento de foguete à Lua
As próximas datas de lançamento possíveis são 2 e 5 de setembro
O lançamento do novo megafoguete da NASA à Lua foi cancelado nesta segunda-feira (29) devido a um problema técnico com um de seus principais motores, uma decepção para a agência espacial americana, que agora terá que aguardar as próximas datas possíveis de lançamento.
Cinquenta anos após o último voo Apollo, a missão não tripulada Artemis 1 marcará o início do programa americano para retornar à Lua, que deve permitir que a humanidade chegue a Marte.
"A gerente de lançamento pediu para cancelar o dia", disse a NASA.
As próximas datas de lançamento possíveis são 2 e 5 de setembro.
Mas o problema terá que ser avaliado em detalhes pelas equipes da NASA antes de determinar quando ocorrerá.
O lançamento estava programado para 08h33 (9h33 de Brasília) da Plataforma de Lançamento 39B no Centro Espacial Kennedy, na Flórida.
Mas à medida que o sol se erguia sobre o enorme foguete laranja e branco de 98 metros de altura, a decolagem tornou-se cada vez mais improvável.
Os tanques do foguete - o mais potente do mundo - foram enchidos durante a noite com mais de três milhões de litros de hidrogênio e oxigênio líquidos ultrafrios.
Mas o abastecimento começou com uma hora de atraso devido ao risco muito alto de raios.
Um vazamento então causou uma pausa durante o enchimento do segmento principal com hidrogênio, antes que uma solução fosse encontrada e o fluxo retomado.
Por volta das 07h00, um novo problema era investigado. Um dos quatro motores RS-25, sob o segmento principal do foguete, não conseguiu atingir a baixa temperatura desejada, condição necessária para poder acioná-lo.
A contagem regressiva parou e, depois de mais de uma hora e meia de tentativa de resolver o problema, a diretora de lançamento da NASA, Charlie Blackwell-Thompson, tomou a decisão de cancelar.
- "Sonhos e esperanças" -
Entre 100.000 e 200.000 pessoas, incluindo a vice-presidente Kamala Harris, deveriam presenciar ao vivo o lançamento hoje.
O objetivo de Artemis 1 é testar o foguete SLS e a cápsula de tripulação Orion em sua parte superior.
Orion será lançada sem tripulação na órbita ao redor da Lua para ver se o veículo é seguro para os futuros astronautas, entre os quais estão previstos a primeira mulher e a primeira pessoa negra na superfície lunar.
"Essa missão carrega os sonhos e esperanças de muitas pessoas", comentou o chefe da NASA, Bill Nelson. "Agora somos a geração Artemis".
Dois minutos depois do lançamento do SLS, os propulsores vão retornar à Terra e cair no Atlântico. Oito minutos depois, o segmento principal se separará e aproximadamente uma hora e meia depois, um último impulso enviará a cápsula rumo à Lua, onde levará vários dias para chegar.
A principal meta é testar o escudo térmico da cápsula, que retornará à atmosfera terrestre a quase 40.000 km/h, e a uma temperatura que chegada à metade da superfície do Sol.
No lugar dos astronautas, manequins equipados com sensores vão registrar as vibrações e níveis de radiação.
A cápsula se aventurará até 64.000 km depois da Lua, a maior distância já alcançada por uma nave adaptada para transportar uma tripulação.
- Viver na Lua -
"O que estamos começando (...) não é um sprint de curto prazo, mas uma maratona de longo prazo", disse Bhavya Lal, administrador associado da NASA.
Após esta primeira missão, Artemis 2 levará astronautas à Lua em 2024, sem pouso, uma honra reservada à tripulação do Artemis 3, mas que não será antes de 2025.
Até essa data, a ideia da NASA é lançar cerca de uma missão por ano com o objetivo de estabelecer uma presença humana constante na Lua, construir a estação espacial Gateway que orbita em torno dela e instalar uma base na superfície lunar.
Nesse cenário, a humanidade teria que aprender a viver no espaço e testar a tecnologia necessária para uma viagem de vários anos de e para Marte, que poderia ser concluída "no final da década de 2030", segundo Nelson.
Mas antes disso, ir à Lua também é estratégico, contra as ambições de nações concorrentes, em particular a China.
"Queremos ir para o polo sul (da Lua), onde estão os recursos", especialmente água na forma de gelo, disse Nelson à NBC.
"Não queremos que a China vá a esse lugar e diga 'este é o nosso território'".