Alzheimer, uma doença ainda sem cura

Doença 'neurodegenerativa' leva a uma deterioração progressiva das habilidades cognitivas até que o paciente perca sua autonomia

ter, 20/09/2022 - 10:36
Philippe LOPEZ Paciente do Mal de Alzheimer na Village Landais Alzheimer, em Dax, sudoeste da França, em 9 de setembro de 2020 Philippe LOPEZ

A doença de Alzheimer, que provoca a perda progressiva da memória, afeta mais de 30 milhões de pessoas em todo mundo e ainda não tem cura - lembraram especialistas na véspera do Dia Mundial dessa enfermidade.

- O que é Alzheimer? -

Descrita pela primeira vez em 1906 pelo médico alemão Alois Alzheimer, essa doença "neurodegenerativa" leva a uma deterioração progressiva das habilidades cognitivas até que o paciente perca sua autonomia. Entre os sintomas, estão esquecimentos frequentes, problemas de orientação, transtornos da função executiva (planejar, organizar, gerenciar o tempo, ter pensamentos abstratos), ou transtornos da linguagem.

- Quantos sofrem da doença? -

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 55 milhões de pessoas em todo mundo sofrem de demência, sendo o mal de Alzheimer a forma mais comum: representa 60%-70% dos casos de demência, ou mais de 30 milhões de pessoas.

Prevê-se que o número de pessoas com demência triplicará até 2050, devido ao aumento de casos em países de renda baixa e média, de acordo com a OMS. Esta explosão vai aumentar a pesada carga social da doença sobre as famílias dos doentes e os sistemas de saúde.

Alzheimer e demência já estão entre as principais causas de incapacidade e de dependência entre os idosos.

- Quais são as causas? -

Embora o mal de Alzheimer seja a demência mais comum, suas causas e mecanismos precisos ainda são amplamente desconhecidos.

Dois fenômenos são consistentemente encontrados entre os pacientes de Alzheimer. De um lado, a formação de placas das chamadas proteínas amiloides, que comprimem os neurônios e acabam destruindo-os. De outro, um segundo tipo de proteína, conhecida como Tau, presente nos neurônios, acumula-se nos pacientes e também acaba causando a morte das células afetadas.

Não está claro, porém, como esses dois fenômenos estão relacionados. Também se desconhece o que causa seu aparecimento e até que ponto explicam a doença.

Cada vez mais se questiona a suposição, de longa data, de que a formação de placas amiloides é sempre um fator desencadeador da doença, e não a consequência de outros mecanismos.

- Quais são os remédios? -

Isso se deve, em grande parte, às dificuldades em encontrar os fatores desencadeadores da doença. Apesar de décadas de pesquisa, nenhum tratamento hoje permite curar, ou mesmo prevenir seu aparecimento.

O principal avanço há 20 anos é um tratamento do laboratório americano Biogen voltado para as proteínas amiloides. Obteve alguns resultados e foi aprovado para alguns casos pelas autoridades dos Estados Unidos. Seus efeitos são, no entanto, limitados, e se discute seu interesse terapêutico.

- Quais são os fatores de risco? Como prevenir? -

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Medicina (Inserm) da França, o principal fator de risco é a idade: a possibilidade de contrair Alzheimer aumenta a partir dos 65 anos e dispara após os 80 anos.

Quando não controlados na meia-idade, fatores de risco cardiovascular - como diabetes e hipertensão - também se associam a uma maior frequência da doença, embora ainda não se saiba por quais mecanismos. O sedentarismo é outro fator de risco, assim como os microtraumatismos cranianos observados em determinados atletas, como os boxeadores.

Na direção contrária, estudar e ter uma atividade profissional estimulante, assim como uma vida social ativa, parecem retardar o aparecimento dos primeiros sintomas e sua gravidade.

Nesses casos, o cérebro se beneficia de uma "reserva cognitiva" que lhe permite compensar, pelo menos por um tempo, a função dos neurônios perdidos. Esse efeito estaria relacionado com a plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade de adaptação do cérebro.

COMENTÁRIOS dos leitores