Pará tem mais casos de câncer de intestino na região Norte
Dados são do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Oncologista Amanda Gomes aponta fatores de risco e destaca a importância do diagnóstico precoce.
Prevenção e diagnóstico precoce salvam vidas. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 41 mil novos casos de câncer de intestino (colorretal) estão previstos para 2022. Na região Norte do País, o Pará é o que apresenta maior incidência, com 560 novos casos previstos para este ano, número bem superior aos demais Estados: Acre, 50 novos casos; Amapá, 20; Amazonas, 210; Rondônia, 130; Roraima, 30; Tocantins, 170.
Em todo o mundo, a incidência da doença vem crescendo entre os adultos jovens, mas é mais comum entre homens e mulheres com mais de 45 anos ou em pessoas que tenham casos na família.
É o caso da cantora Simony, de 46 anos. Em agosto, ela foi diagnosticada com a doença. A cantora procurou um médico após apresentar uma íngua - aumento dos gânglios linfáticos, ou linfonodos - e recebeu a indicação de fazer uma colonoscopia. Com esse exame, ela confirmou o diagnóstico e iniciou o tratamento.
A despeito da possibilidade de prevenção, 85% dos casos de câncer colorretal são diagnosticados em fase avançada, quando a chance de cura é menor.
“Entre os sintomas mais comuns da doença está a alteração do hábito intestinal. Por exemplo: cólica, sangramento durante a defecação, diarreia frequente ou constipação, perda de peso sem explicação e anemia”, explica a oncologista Amanda Gomes, do Centro de Tratamento Oncológico (CTO). “Entretanto, o paciente também pode não apresentar sintoma nenhum, por isso o check-up é essencial e as chances de cura estão intimamente ligadas ao estágio da doença. Quanto mais precoce o diagnóstico, maior será a chance de cura”, alerta a médica.
Fatores de risco
A incidência de câncer de intestino está ligada ao estilo de vida, especialmente aos hábitos alimentares. Ter mais de 50 anos, obeso, se alimentar mal e ser sedentário são características comuns de quem está no grupo de risco para desenvolver esse tipo de câncer. Entre os hábitos que podem influenciar no surgimento da doença estão dieta rica em carne vermelha e alimentos processados, tabagismo e consumo excessivo de álcool.
Histórico de diabetes tipo 2 e doenças inflamatórias intestinais (colite ulcerativa e doença de Crohn) são fatores que podem aumentar o risco de aparecimento do câncer de cólon e reto também.
Apesar da alta incidência, o câncer de intestino pode ser evitado. Isso porque a doença tem início a partir de pólipos - uma lesão pequena e não maligna nas paredes do intestino (após os 50 anos de idade, a chance de ter pólipos gira entre 18 e 36%).
Uma maneira de prevenir o aparecimento dos tumores é a detecção e a remoção dos pólipos antes de eles se tornarem malignos. Eles podem ser detectados precocemente através de exames como a pesquisa de sangue oculto nas fezes, endoscopia e colonoscopia, capazes de identificar as lesões com potencial de malignidade e removê-las, evitando um futuro câncer.
Para diminuir as chances de ter câncer de intestino é recomendado adotar uma alimentação rica em frutas e hortaliças; evitar o consumo de alimentos processados e de bebidas alcoólicas, refrigerantes e outras bebidas açucaradas. Excesso de carne vermelha e alimentos calóricos e/ou gordurosos também aumentam o risco para a doença, assim como sedentarismo, obesidade e tabagismo. O desenvolvimento de câncer por fatores de hereditariedade representa entre 5% e 10% dos casos.
A recomendação atual da SBCP (Sociedade Brasileira de Coloproctologia) é de que pessoas sem histórico de câncer de intestino na família procurem o coloproctologista a partir dos 50 anos. Se houver casos na família, esse acompanhamento deve ter início 10 anos antes da idade que tinha aquele familiar quando foi diagnosticado.
Da assessoria do Centro de Tratamento Oncológico (CTO).