Mundo não eliminará pobreza extrema em 2030

Alerta foi feito pelo Banco Mundial

qua, 05/10/2022 - 11:47
NORBERTO DUARTE Mulher em frente de sua casa em bairro carente de Assunção, no Paraguai NORBERTO DUARTE

O mundo não conseguirá erradicar a pobreza extrema em 2030, data estabelecida pela Assembleia Geral da ONU para cumprir com seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável adotados em 2015, estimou o Banco Mundial (BM) em um relatório nesta quarta-feira (5).

O atraso se deve, segundo a instituição financeira, à pandemia de Covid-19, que provocou o maior aumento da pobreza desde 1990, tendência que poderia ser reforçada com a guerra da Ucrânia, segundo seu relatório anual sobre a pobreza.

Cerca de 70 milhões de pessoas caíram na pobreza extrema em 2020, segundo o BM, que estima que quase 720 milhões de pessoas viviam com menos de 2,15 dólares por dia no final desse ano.

Durante a pandemia, a renda dos 40% mais pobres, muitas vezes procedentes da economia informal em muitos países, caiu em média duas vezes mais do que os dos 20% mais ricos, aprofundando as desigualdades.

"Inflação, desvalorizações cambiais e crises sobrepostas" apontam para uma perspectiva sombria, disse o presidente do Banco Mundial, David Malpass, em nota.

"O progresso na redução da pobreza extrema estagnou junto com o crescimento econômico global moderado", acrescentou.

A África Subsaariana concentra 60% dos mais pobres, ou seja, quase 390 milhões de pessoas, com uma taxa de pobreza de 35%.

Para eliminar a pobreza extrema no continente africano para 2030, o Banco Mundial estima que seria necessário um crescimento de 9% por ano em cada país desta região no final da década, "uma marca particularmente alta para países cujo crescimento do PIB per capita foi em média de 1,2% durante a década anterior à pandemia", estima o Banco Mundial.

"Investir em melhores serviços de saúde e educação será crucial para as economias em desenvolvimento na próxima década", disse o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill.

Para reverter a tendência, a instituição pede aos governos que direcionem melhor a ajuda para reservá-la para os mais pobres, incentivem o investimento em educação, pesquisa e desenvolvimento e considerem uma tributação que leve mais em consideração as rendas.

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