Cientistas descobrem espécie de 'corrupto' única do Brasil

Diferente do que se imagina, esse tipo de corrupto é um indicador de qualidade da praia

por Rachel Andrade qui, 23/02/2023 - 15:42
Reprodução Diferenças entre macho e fêmea da mesma espécie Reprodução

Uma espécie de camarão-fantasma foi identificada em praias brasileiras, pondo fim a uma disputa científica de mais de 40 anos. Trata-se da comprovação da existência da espécie Callichirus major, conhecida na linguagem popular como “corrupto de praia”. A descoberta foi feita no ano passado por cientistas da Universidade Estadual Paulista, do campus de São Vicente.

A tal disputa acontecia na comunidade científica mundial pois até o momento só havia a comprovação da existência de uma única espécie de camarão-fantasma, encontrada no litoral da América do Norte, na região da Flórida, Estados Unidos, até a América do Sul. No entanto, com a descoberta de um tipo próprio no Brasil, é possível dizer que temos um corrupto para chamar de nosso.

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista de história natural (Journal of Natural History), de autoria do biólogo chileno Patrício Hernáez. O Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos do Instituto de Biociências da Unesp do Litoral Paulista, coordenado pelo professor Marcelo Pinheiro, coletou 1.166 animais de norte a sul do país para realizar as análises comparativas.

Comparação

Além da espécie comprovada, existe a hipótese da existência de outras três variações encontradas nas praias pesquisadas. Segundo Hernáez, o crustáceo é fundamental para manter um certo equilíbrio ambiental nas praias situadas em regiões urbanas. "Esta espécie se concentra mais em faixas de areia poluídas por matéria orgânica que em praias de areias não contaminadas por matéria fecal. Essa seria a razão pela qual vimos que C. corruptus formava populações mais densas em praias urbanizadas, como Balneário Camboriú e Santos, do que em praias não urbanizadas", explica o biólogo.

Origem do nome

O camarão-fantasma ganhou a alcunha de “corrupto” durante o período da ditadura militar no Brasil, por ser difícil de capturar, sendo necessário usar mecanismos diferenciados para encontrá-los. Fazendo um paralelo com a corrupção praticada por pessoas, ele foi batizado dessa forma no país.

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