'Dor que rasga o coração', diz diretor de abrigo no Recife

Casa que acolhe crianças e adolescentes aguardando reinserção familiar foi vítima de incêndio nesta sexta-feira (14), no Recife

por Vitória Silva sex, 14/04/2023 - 10:07
Vitória Silva/LeiaJáImagens O diretor Gezsler Carlos, que administra o Lar Paulo de Tarso Vitória Silva/LeiaJáImagens

Em lágrimas, o diretor Gezsler Carlos, que administra o Lar Paulo de Tarso, no Recife, relatou o sentimento que tomou conta dele e de seus colegas de trabalho, após serem informados sobre um incêndio de grande porte na casa de acolhimento infantojuvenil. "A dor rasga o coração", declarou Gezsler

O lar, que foi fundado há mais de 30 anos, funcionava há três anos no endereço do incidente, que ocorreu na madrugada desta sexta-feira (14), na rua Jerônimo Heráclio, no bairro do Ipsep, na Zona Sul do Recife

"O sentimento é de dor profunda, rasgando o coração, mas também de uma fé em Deus inabalável. A gente tem o lema de 'ser cada vez mais um lar que acolhe, sendo cada vez menos uma instituição que abriga'. Temos eles como filhos do coração. Esses dias, com uma das crianças, de 11 anos, notei que quando ela chegou aqui, ela não gostava de tirar fotos e não sorria. Perguntei o que mudou na vida dela e ela me disse 'Tio Geo, aprendi aqui no lar que a vida é bela'. E apesar de toda essa catástrofe e dessa dor profunda, a vida é bela. Nossa fé em Deus é inabalável e vamos continuar amando intensamente as crianças em necessidade no nosso estado', continuou o diretor.

De acordo com a coordenação do local, residiam no lar 17 pessoas, sendo duas cuidadoras e 15 crianças, com idades entre dois e 11 anos. O lar Paulo de Tarso é filantrópico e tem como base a doutrina espírita. Lá, são acolhidas crianças e adolescentes em situação de alta vulnerabilidade e que aguardam voltar para suas famílias ou a inserção de novas famílias, através do processo de adoção.

"Elas vêm para cá através do Conselho Tutelar ou juizado da Infância e da Juventude, por estarem em condições de risco social de alta complexidade. Elas moram conosco até o juíz decidir. Segundo o ECA, a primeira tentativa é ver se volta pra família original e a segunda é ver se tem extensão familiar, como um tio ou um avô, e se não tiver jeito, o juizado inscreve no Cadastro Nacional de Adoção. Até lá, elas ficam conosco”, finalizou Gezsler.

O incêndio

Segundo Grauzio Diego, de 40 anos, o incêndio começou por volta das 3h. Ele é o vizinho do lar e o primeiro a iniciar o resgate das crianças junto a outros moradores. O homem informou que o incêndio parece ter começado pela sala, que era próximo do primeiro quarto, de onde as crianças foram removidas mais rapidamente. No segundo quarto, porém, precisaram aguardar os bombeiros para o resgate, por questões de segurança. Três crianças morreram e uma das cuidadoras também. As demais vítimas foram hospitalizadas.

A Defesa Civil do Recife e o Corpo de Bombeiros iniciam a perícia e a vistoria até a tarde desta sexta-feira (14). Ainda não é possível falar na causa do incidente.

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