Chefe de governo espanhol reafirma apoio da UE à Ucrânia

A Ucrânia recebeu o status de candidato à UE há um ano e espera iniciar ainda este ano as negociações formais sobre os próximos passos

sab, 01/07/2023 - 16:39

O chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, reafirmou neste sábado (1º), em Kiev, no primeiro dia da Presidência espanhola da União Europeia (UE), o apoio do bloco à Ucrânia, que tem resistido há 16 meses à invasão russa.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que espera acelerar a adesão de seu país ao bloco de 27 nações, destacou o gesto de Sánchez, mas lamentou a demora de algumas potências ocidentais em fornecer o equipamento militar necessário para fortalecer sua contraofensiva no leste e no sul.

"Minha presença aqui no primeiro dia da Presidência semestral [da UE] demonstra um compromisso político claro e inequívoco por parte das instituições comunitárias" em relação à adesão da Ucrânia, declarou Sánchez em entrevista coletiva ao lado de Zelensky.

"É extremamente simbólico que esta visita ocorra no primeiro dia da Presidência espanhola da UE", considerou Zelensky em redes sociais.

A Ucrânia recebeu o status de candidato à UE há um ano e espera iniciar ainda este ano as negociações formais sobre os próximos passos.

"A Espanha reitera seu apoio à candidatura da Ucrânia para aderir à UE, que estará entre as prioridades de sua Presidência", afirma a declaração conjunta de Sánchez e Zelensky.

O presidente ucraniano também pediu que a Otan estenda um convite para que a Ucrânia adira "após a guerra" à aliança de defesa ocidental durante a cúpula deste mês em Vilnius, capital da Lituânia.

A declaração conjunta destaca que "a Espanha apoia o fortalecimento da cooperação entre a Otan e a Ucrânia, incluindo a criação de um Conselho Otan-Ucrânia".

- Aliados que "se arrastam" -

Sánchez anunciou sua viagem a Kiev em uma cúpula da UE na quinta-feira, afirmando que seu objetivo era demonstrar o "apoio inabalável" da UE à Ucrânia.

No entanto, Zelensky reiterou suas críticas contra "alguns" aliados ocidentais que demoram a treinar pilotos ucranianos no manuseio de caças de combate.

"Você tem alguma ideia de quando a Ucrânia poderá obter os F-16?", disse o presidente ucraniano ao lado de Sánchez. "Não há nenhum cronograma para as missões de treinamento. Acho que alguns parceiros estão se arrastando", acrescentou.

Essas críticas surgem após semanas de uma contraofensiva com avanços limitados na tentativa de recuperar os territórios conquistados pelas tropas russas desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.

O comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, disse na sexta-feira em entrevista ao Washington Post que os planos de contraofensiva têm sido prejudicados pela falta de armamentos adequados, desde modernos caças de combate até munições de artilharia.

"Isso me incomoda", disse ele, referindo-se ao fato de que algumas potências ocidentais ficam frustradas com a lentidão dos avanços, mas não entregam os caças F-16 prometidos para contrabalançar a superioridade aérea russa.

"Eu não preciso de 120 aviões. Não vou ameaçar todo mundo. Um número muito limitado seria suficiente", ressaltou. "Mas eles são necessários. Porque não há outra maneira. O inimigo está usando uma geração diferente de aeronaves", acrescentou.

O chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, general Mark Milley, disse na sexta-feira que Washington e seus aliados estão trabalhando para fornecer apoio à Ucrânia.

"Estamos fornecendo toda a ajuda humanamente possível", afirmou Milley, explicando que os Estados Unidos ainda estão em negociações com a Ucrânia para fornecer F-16 e mísseis de precisão do tipo ATACMS.

No entanto, ele reconheceu que há impaciência em relação ao ritmo da contraofensiva.

"Claro, está avançando um pouco devagar, mas isso faz parte da natureza da guerra", afirmou.

Um funcionário dos Estados Unidos confirmou à AFP na sexta-feira que o diretor da CIA, William Burns, viajou recentemente para a Ucrânia, onde se encontrou com os serviços de inteligência e o presidente Zelensky.

Durante sua viagem, Burns reafirmou "o compromisso dos Estados Unidos em compartilhar inteligência para ajudar a Ucrânia a se defender da agressão russa", disse o funcionário dos Estados Unidos.

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