364 espécies estão criticamente em perigo de extinção
Do total de espécies avaliadas, 5.513 têm ficha já publicada e 1.253 estão em alguma categoria de ameaça
O que a ave soldadinho-do-araripe, o peixe cambeva-minhoca-do-ribeira, o papa-vento da chapada, o aruá-do-mato e o sapinho do itambé têm em comum?
Esses cinco animais da fauna brasileira integram a lista de 364 espécies nacionais classificadas como "criticamente em perigo" de extinção, segundo plataforma online lançada nesta quarta-feira (3) pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A plataforma, chamada Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (Salve), pode ser acessada pelo site e reúne informações sobre quase 15 mil espécies da fauna brasileira, classificadas inclusive quanto ao risco de extinção - segundo os parâmetros da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.
Um dos principais objetivos é facilitar a gestão do processo de avaliação do risco de extinção e tornar essas informações mais acessíveis, contribuindo para a geração de conhecimento e implementação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade.
"Nosso objetivo não é simplesmente fornecer a informação, mas usá-la como instrumento de política pública, inclusive nas empresas, para evitar que haja espécies ameaçadas e principalmente espécies já extintas. Essa é a grande finalidade do qual esse trabalho aqui faz parte", disse o presidente do ICMBio, Mauro Pires.
Do total de espécies avaliadas, 5.513 têm ficha já publicada e 1.253 estão em alguma categoria de ameaça. Por meio do mecanismo de busca, é possível inserir a espécie pretendida (pelo nome comum ou pelo nome científico) e obter informações como grupo, categoria, última atualização da avaliação, estados, bioma, classificação taxonômica, distribuição, história natural e população.
A plataforma começou a ser feita em 2016, em um trabalho conjunto liderado pelo ICMBio e com apoio do Projeto Pró-Espécies, financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e WWF-Brasil.
Segundo o coordenador da Coordenação de Avaliação do Risco de Extinção das Espécies da Fauna (Cofau) e analista ambiental do ICMBio, Rodrigo Jorge, a plataforma vai contribuir para a conservação das espécies ameaçadas. "O Brasil é reconhecido mundialmente por abrigar a maior biodiversidade do planeta, e a partir da atualização e disponibilização desses dados será possível reforçar a implementação de ações que promovam a conservação da nossa fauna", disse.
A fauna brasileira é formada por mais de 100 mil espécies de animais, entre vertebrados e invertebrados. Todas as mais de 9.000 espécies conhecidas de vertebrados foram avaliadas.
Quanto aos invertebrados, que respondem pela grande maioria da fauna, há critérios para seleção das espécies que passam pelas avaliações. Além de subsidiar a elaboração de políticas públicas de preservação, a plataforma também consegue passar um panorama geral sobre a situação de cada bioma.