Ministro explica apagão e não descarta ação humana
Uma solicitação foi feita ao Ministério da Justiça para a abertura de um inquérito sobre a possibilidade de intervenção humana
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se pronunciou em uma coletiva de imprensa, nesta terça-feira (15), onde explicou os fatos apurados acerca da interrupção de energia elétrica em 25 estados e no Distrito Federal ainda durante a manhã, que durou pouco mais de seis horas. Um relatório será elaborado nas próximas 48 horas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
“Os dados técnicos serão passados no momento adequado, nas próximas 48h, mas o que aconteceu hoje é extremamente raro que aconteça”, afirmou o ministro.
De acordo com a explicação preliminar, houve o registro de dois eventos de sobrecarga em duas linhas de distribuição. Um dos eventos detectados pela ONS afetou a linha de transmissão na região ao norte do Nordeste, no estado do Ceará. A queda foi registrada a partir das 8h29 da manhã, e às 14h49 o sistema de alta tensão foi completamente restabelecido em todo o país, de acordo com o ministro.
“Por isso eu destaquei a questão da segurança energética e da geração nossa hoje. (...) Diferentemente do evento de dois anos atrás, onde que, por falta de planejamento, nós tivemos à beira de um colapso do setor energético brasileiro. O sistema trabalhou na bandeira vermelha, foi necessário que se fizesse aquela contratação emergencial de térmicas no Brasil. Agora não, há um planejamento, há segurança, nossos reservatórios estão cheios. Então, o ocorrido hoje, absolutamente nada tem a ver com o planejamento do sistema e a geração de energia”, declarou Alexandre Silveira.
O chefe da pasta ministerial ainda afirmou que fez uma solicitação ao Ministério da Justiça e Segurança Pública para que um inquérito seja aberto na Polícia Federal, para apurar se os eventos foram causados por ação humana, e que haverá responsabilização se esta for levantada.
Privatização
Uma das questões levantadas durante a coletiva foi o fato de o problema ter sido detectado, possivelmente, na distribuição de energia feita pela empresa das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras).
“Todos conhecem minha posição sobre a privatização. Um setor estratégico para a segurança do país, inclusive, para a segurança alimentar, para a segurança energética, como o setor elétrico de um país, em especial de um país com a dimensão territorial como a do Brasil, na minha visão, não deveria ser privatizado, deveria se ter uma função estatal. Portanto, a minha posição é de que a privatização da Eletrobras fez muito mal, em especial, no modelo que ela ocorreu, ela fez sim mal ao sistema. A Eletrobras era o braço operacional do setor elétrico brasileiro, a empresa responsável por mais de 40% da transmissão nacional, mais de 36% da geração do país”, destacou o ministro.
Comentário da primeira-dama
Perguntado sobre o comentário que a primeira-dama, Janja, fez publicamente nas redes sociais, Silveira replicou que vê a publicação apenas como “uma afirmativa textual”. “’A Eletrobras foi privatizada em 2022’. Eu vou além disso: ela foi privatizada às vésperas de uma eleição, num ano eleitoral, portanto eu vejo apenas como uma manifestação natural e real de um fato que realmente aconteceu e que gera instabilidade para o setor elétrico nacional”.