Blinken vai a Israel para negociações difíceis sobre Gaza
O secretário de Estado americano chegará a Israel no final da tarde de segunda-feira e se reunirá com as autoridades israelenses na terça
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viaja nesta segunda-feira (8) para Israel, onde terá difíceis negociações sobre a guerra em Gaza, entre receios de que o conflito se espalhe pelo Oriente Médio.
Blinken chegará a Israel no final da tarde de segunda-feira e se reunirá com as autoridades israelenses na terça.
No domingo (7), no Catar, Blinken declarou que os palestinos deslocados pela guerra de quatro meses devem ser capazes de "voltar para casa", alertando, ao mesmo tempo, que a violência poderia "facilmente se alastrar" na região.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a violência aumentou na Cisjordânia ocupada e na fronteira de Israel com o Líbano, enquanto os rebeldes huthis do Iêmen lançaram mais de 100 ataques de drones e mísseis contra navios no mar Vermelho e contra Israel.
Washington anunciou que Blinken pressionará Israel para cumprir o direito internacional humanitário e pedirá "medidas imediatas" para aumentar a ajuda a Gaza.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, relatou oito mortos nesta segunda-feira em um ataque israelense perto de Deir Al Balah.
Israel prometeu destruir o grupo islamista palestino Hamas depois do ataque realizado em seu território em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos, segundo uma contagem da AFP baseada em números israelenses. Entre os mortos estão mais de 300 soldados.
Além disso, pelo meno 132 reféns dos 250 sequestrados pelo Hamas permanecem em cativeiro no território palestino.
A ofensiva que Israel lançou em Gaza em retaliação deixou até agora pelo menos 22.835 mortos, a grande maioria deles crianças e mulheres, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
Ao menos 85% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados pelos combates, segundo a ONU.
"Acordo pensando que isso é um pesadelo passageiro, mas é a realidade", disse Nabil Fathi, um morador de Gaza de 51 anos. "Nossa casa e a casa do meu filho foram destruídas e temos 20 pessoas martirizadas em nossa família. Nem sei para onde ir, se sobreviver".
- Jornalistas mortos -
Dois jornalistas que trabalhavam para o canal Al Jazeera morreram no domingo (7), quando uma bomba caiu sobre seu veículo na cidade de Rafah, no sul de Gaza, informou a rede.
Os mortos são Mustafa Thuria, um cinegrafista freelancer que também trabalhava para a agência AFP, e o repórter Hamza Wael Dahdouh, filho do editor-chefe do escritório da Al Jazeera em Gaza, que também perdeu a esposa e outros dois filhos em um ataque israelense.
Testemunhas disseram à AFP que dois foguetes foram disparados contra o veículo, um atingindo a frente, e outro, alcançando Hamza, sentado ao lado do motorista.
No Catar, Blinken classificou as mortes como uma "tragédia inimaginável".
Enquanto isso, grupos de ajuda internacional disseram que os ataques israelenses a um dos últimos hospitais funcionais de Gaza forçaram-nos a evacuar o estabelecimento.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse no domingo (7) que retirou mais de 600 pacientes do hospital Al Aqsa, no centro de Gaza.
A organização Médicos Sem Fronteiras informou no sábado (6) que retirou sua equipe do mesmo hospital, depois que uma bala penetrou uma unidade de terapia intensiva.
- "Vitória total" -
O Exército israelense, que afirma ter "desmantelado" o comando militar do Hamas no norte de Gaza, informou ter matado mais "terroristas" no centro de Gaza.
Um comunicado militar afirmou que os soldados encontraram um local subterrâneo de "produção de armas" operado pelo Hamas no norte de Gaza.
Em uma reunião de gabinete no domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu em que "o que aconteceu em 7 de outubro não acontecerá novamente".
"Este é o compromisso do meu governo, e é por isso que os nossos soldados no terreno estão entregando suas vidas. Devemos continuar até a vitória total", defendeu.
A Cisjordânia ocupada vivencia um aumento da violência mortal a níveis nunca vistos em duas décadas.
Um ataque israelense no domingo matou sete palestinos na cidade de Jenin, no norte, disse o Ministério da Saúde palestino na Cisjordânia, que relatou um oitavo morto por fogo israelense em um incidente separado.
Já um agente da polícia fronteiriça israelense foi morto quando uma bomba atingiu seu veículo durante uma operação em Jenin, e um civil israelense morreu em um ataque a tiros perto de Ramallah, segundo as autoridades israelenses.
Mais tarde, a polícia israelense afirmou que, em resposta a um ataque de veículo a um posto de controle, policiais atiraram em uma menina palestina de três anos, que morreu.
- "Ninguém te apoiará" -
A violência continuou ao longo da fronteira norte de Israel. A organização Hezbollah disse no sábado que disparou 62 foguetes contra uma base militar israelense logo depois de culpar Israel pelo ataque em Beirute que matou o número dois do Hamas, Saleh al-Aruri.
Em resposta, o Exército israelense afirmou que atacou "locais militares" do Hezbollah.
No aeroporto de Beirute, hackers usaram as telas de chegadas e partidas para enviar uma mensagem contra o Hezbollah.
"Hassan Nasrallah (chefe do Hezbollah), ninguém te apoiará se você arrastar o país para uma guerra", dizia a mensagem, segundo a imprensa local.
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