Cachoeira briga por agente penitenciário e é autuado
Cachoeira se descontrolou e xingou o agente por impedi-lo de assistir seu habeas corpus pela TV
Preso desde fevereiro como chefe de um esquema de corrupção e exploração de jogos ilegais, o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi autuado por desacato e desobediência, após se desentender com um agente penitenciário e o mandar "para um lugar impublicável", segundo relato de testemunhas.
O incidente ocorreu na quinta-feira à tarde, pouco antes da transferência do contraventor da ala federal do presídio da Papuda para um setor de presos provisórios comuns.
Cachoeira queria assistir o noticiário do julgamento de seu habeas corpus pela TV, mas foi impedido pelo agente. O contraventor se descontrolou e xingou o servidor. Outros agentes foram destratados. O bicheiro disse que tinha amigos influentes, que logo sairia da prisão e que depois iria à forra com quem o tratasse mal.
A defesa explicou que Cachoeira anda muito deprimido, tem problemas de saúde e seu estado piorou com as últimas notícias. A justiça negou seu pedido de liberdade e ainda cassou o habeas corpus que o mantinha na ala federal numa cela de 12 metros quadrados, na qual instalou uma TV desde que chegou, em abril passado.
A discussão começou porque o agente penitenciário o impediu de usar o aparelho fora do horário permitido no regulamento. "Ele estava num dia péssimo, muito mal de cabeça e teve um momento infeliz de desabafo, apenas isso", resumiu a advogada Dora Cavalcanti. "Foi uma discussão boba sobre televisão", minimizou. Ela disse que pediu um exame psiquiátrico para atestar a condição deplorável em que se encontra o cliente.
O agente sentiu-se ofendido com a ofensa verbal e prestou queixa na Superintendência da Polícia Federal, onde registrou termo circunstanciado de ocorrência. Cachoeira foi levado para depor na PF e retornou ao presídio na noite de quinta. Ele foi indiciado por desacato e desobediência, um delito de baixo potencial que pode dar de seis meses a dois anos de detenção em regime aberto. Mas o caso pode ser arquivado com um pedido de desculpas.
Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), responsável pela custódia, a queixa prejudica a ficha de bom comportamento que Cachoeira vinha mantendo até agora, mas não afeta seus direitos e deveres de preso provisório, uma vez que não houve agressão física. Ele continua com direito a ver televisão e ler livros, a visitas de familiares e banho de sol diário.