EUA: Obama parte para a ofensiva no segundo debate

O presidente partiu para o ataque a Romney em algumas ocasiões - ele criticou a rejeição do republicano ao resgate da indústria automobilística

qua, 17/10/2012 - 06:24
Renato Araújo/ABr Renato Araújo/ABr

Em um debate centrado na economia e nos problemas internos dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama e seu rival republicano, Mitt Romney, fizeram o segundo debate presidencial na noite da terça-feira (16). Ao contrário do primeiro debate, quando se mostrou apático, Obama partiu para o ataque a Romney em algumas ocasiões - ele criticou a rejeição do republicano ao resgate da indústria automobilística, disse que Romney investiu em empresas que exportam empregos para a China e acusou seu rival de fazer "politicagem" na questão do ataque ao Consulado norte-americano na Líbia no mês passado. Mas Romney também atacou Obama pelo fraco desempenho da economia nos últimos quatro anos, disse que o presidente não completou nenhum projeto que começou e repetiu que criará 12 milhões de empregos e que a classe média americana "foi esmagada" durante o mandato do democrata.

Nesse debate, os eleitores indecisos do condado de Nassau, Estado de Nova York, foram à Universidade Hofstra fazer as perguntas aos dois. E a preocupação que pareceu emergir do eleitorado foram os empregos e a economia.

A primeira pergunta foi justamente de um universitário, que perguntou como arrumará trabalho após graduado. Romney afirmou que a pergunta era um exemplo de como a classe média norte-americana foi "esmagada" nos últimos quatro anos. Ele prometeu criar 12 milhões de empregos se for eleito. Para ele, um exemplo dos problemas da população é que metade dos jovens que estão terminando a universidade neste ano não têm emprego garantido. O republicano afirmou que ajudará os estudantes a pagar por seus estudos superiores, mas que o principal é criar empregos para os recém-formados. Já Obama afirma que seu governo criou 5 milhões de empregos e criará "muito mais". Em seguida, acusou o republicano de ter sido contra o resgate da indústria automobilística norte-americana, que segundo ele salvou em 2009 pelo menos 1 milhão de empregos diretos.

"Romney não tem um plano com cinco pontos. Ele tem um plano com apenas um ponto", disse Obama. "Nós levamos quatro anos para sair dessa confusão". Obama lembrou que Romney foi contra o resgate à General Motors e à Chrysler em 2009. Obama disse que se dependesse de Romney a General Motors e a Chrysler teriam fechado. Ele também lembrou que Romney fechou fábricas que usavam energias consideradas obsoletas, como termelétricas a carvão. "Quando você foi governador de Massachusetts, se uma fábrica era movida a carvão, você dizia: 'vamos fechá-la'", disse Obama.

"Não é verdade", afirmou Romney. "Eu vou lutar pelo petróleo, gás e carvão. Eu vou lutar para criar energia nesse país", rebateu Romney. O republicano disse defender a exploração de petróleo no Alasca, inclusive offshore (na costa marítima).

Em seguida, o debate rumou para a questão fiscal. Romney, que foi um empresário durante 25 anos, afirmou que sua experiência o ajudará a criar empregos e reerguer a classe média, que teria sido "esmagada" nos últimos quatro anos. Obama afirmou que seu objetivo é aumentar os impostos dos mais ricos para equilibrar o orçamento e que a "matemática" de Romney "não faz sentido".

Em resposta, o republicano criticou o déficit orçamentário que os Estados Unidos enfrentam atualmente. Ele afirmou que tem experiência em ajustar orçamentos, coisa que fez quando foi governador, quando organizou as Olimpíadas de Inverno de Salt Lake City e durante sua vida de empresário. "Esse é um presidente que prometeu cortar pela metade o déficit e o déficit dobrou nos últimos quatro anos", atacou Romney.

Em seguida, a herança da era Bush foi lembrada por uma eleitora, que questionou os dois sobre o que fariam diferente do ex-presidente George W. Bush, que governou entre 2001 e 2009. Romney se atrapalhou. Após certa hesitação, ele admitiu que Bush aumentou demais o déficit no orçamento do país, mas acrescentou que a administração Obama fez ainda pior. Em outro exemplo de coisas que faria diferente, Romney afirmou que será mais firme com a China do que Bush. Obama atacou, dizendo que a política econômica de Romney é idêntica à de Bush e que, se aplicada, pode levar os Estados Unidos a uma nova crise econômica.

Depois surgiu uma questão sobre a imigração. Obama aproveitou para atacar Romney, que tem uma proposta polêmica para a questão. "A estratégia dele é: vamos deportar essas pessoas. Ele elogiou a lei do Arizona, disse que ela é um modelo para os EUA", disse o presidente. Obama defende que os imigrantes jovens que trabalham no país sejam legalizados, o que tenta fazer através do "Dream Act" um conjunto de leis sobre a imigração feito pelo governo no começo desse ano. Obama disse que os republicanos travaram a discussão mais ampla sobre imigração no Congresso.

"Não elogiei a lei do Arizona. Ele (Obama) não respondeu porque não aprovou uma legislação sobre a imigração", disse Romney. O candidato republicano voltou a defender o que chama de "auto-deportação", ou seja, que imigrantes que desejam partir recebam passagens do governo para ir embora. "Vamos deixar esses 12 milhões de ilegais terem uma escolha, se quiserem partir", disse Romney.

Política externa - A única pergunta sobre política externa foi sobre a Líbia. Um eleitor questionou se o governo não teria dado atenção a pedidos por mais segurança feitos por diplomatas na Líbia, antes da destruição do Consulado dos EUA em Benghazi na noite de 11 de setembro. Obama ficou na defensiva, enquanto Romney atacou a política inteira de Obama para o Oriente Médio. No ataque foram mortos quatro norte-americanos mortos, entre eles o embaixador dos EUA na Líbia, Christopher Stevens.

Obama disse que a sugestão de que qualquer "um da minha equipe possa ter feito politicagem ou ter se enganado quando perdemos quatro dos nossos (diplomatas) é ofensiva".

"No dia seguinte, eu estava no Jardim das Rosas e disse a todo mundo que descobriríamos o que aconteceu, que foi um ataque terrorista. Não se enganem, a Justiça será feita", disse Obama, lembrando o dia 12. Romney imediatamente cortou o presidente e afirmou que a administração demorou duas semanas para perceber que o ataque em Benghazi foi um ato terrorista, não um protesto contra um filme anti-islâmico feito nos EUA, "A Inocência dos Muçulmanos". Obama ficou nervoso. Romney disse que Obama não afirmou que foi um ataque terrorista. Mas a mediadora do debate, Candy Crowley, confirmou que Obama disse na ocasião ter sido um atentado.

"Levou um grande tempo para essa administração perceber que aquilo foi um ataque terrorista", reafirmou Romney. "as políticas do presidente (Obama) para o Oriente Médio começaram com uma desculpa. E hoje o Irã está mais próximo de construir uma bomba atômica", disse Romney.

As últimas perguntas foram sobre o controle da venda de armas de assalto, a competição da economia chinesa e as mulheres no mercado de trabalho. Na pergunta final, "Qual é a percepção errônea que as pessoas têm de você como homem e presidente?" Romney afirmou que é uma "pessoa que se importa 100% com os norte-americanos", ao contrário do que diz a campanha de Obama.

Obama disse que acredita na iniciativa privada e alfinetou o rival, lembrando da polêmica declaração de Romney que vazou na internet, na qual o candidato disse que 47% dos americanos "acham que são vítimas" e não assumem responsabilidade por suas vidas. Obama disse que as pessoas que vivem da previdência também são parte da população que faz a "América avançar".

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