Comissão da Verdade faz audiência pública na UNINASSAU

Segundo os ex-presos políticos, as forças armadas precisam vir a público e falar sobre a estrutura montada durante o regime militar

qui, 13/12/2012 - 21:14

Durante audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (13) pela Comissão Estadual da Verdade Dom Helder Câmara, no auditório Capiba, da UNINASSAU, três ex-presos políticos:  Carlos Alberto Soares, José Emilson Ribeiro da Silva e José Calistrato falaram sobre o golpe militar de 1964. Eles comentaram sobre as ações dos agentes da ditadura e sobre os partidos de esquerda em Pernambuco, além de reforçarem as críticas ao regime que usou da truculência para conter o desenvolvimento social e o diálogo com a sociedade civil organizada. Segundo os ex-presos políticos, as forças armadas precisam vir a público e falar sobre a estrutura montada durante o regime militar.

“Éramos estudantes de Geologia fazíamos panfletagem e meu nome com o de outros sete companheiros entrou na lista negra dos militares por causa da nossa atuação no movimento estudantil. Quando fui para a clandestinidade fiquei responsável pelas ações do PCRB nas cidades de Recife e Fortaleza (CE). Me prenderam e depois de ser bastante torturado assumi o comando de uma ação que matou um tenente da Aeronáutica”, contou o sociólogo Carlos Alberto Soares.

Durante seu depoimento, Carlos Alberto contou que depois da redemocratização do Brasil as forças armadas deveriam vir a público e se posicionar sobre o período militar, pois outros países da América Latina já tomaram suas atitudes. “Essas estruturas do estado criaram e apoiaram o Comando de Caças aos Comunistas (CCC), temos que perder o medo e essas questões têm que ser discutidas. Os militares precisam se explicar, pois muitos ainda pensam que estão a cima da sociedade civil”, declarou.

Questionado se o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) havia realizado, na época alguma vistoria para averiguar as torturas nos presos políticos, Carlos Soares disse que não se lembrava. “só me lembro que a Ordem do Advogados do Brasil (OAB) foi lá, mas sobre o MPPE eu não tenho notícia de nenhuma visita.”

Outro depoente foi José Emilson Ribeiro, um dos responsáveis pela ações armadas da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e por realizar um trabalho junto aos operários das fábricas em Pernambuco. Ele também relatou sobre as bombas panfletos como forma de divulgar informações sobre os direitos trabalhistas, lutar contra a operação militar pedindo para as pessoas votarem em branco.

“Muitas panfletagem eram suspensas por causa de tiros, aí para não sermos presos criamos as bombas panfletos que quando explodiam espalhavam cerca de 200 panfletos. Somente no Recife 16 bombas foram explodidas”, ressaltou José Emilson Ribeiro.

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