Personagens reais da seca cobram ações ao governo

Em algumas cidades a estiagem causa a fome e morte do gado

dom, 19/05/2013 - 15:44

Em meio às reuniões, discussões e até protestos, os políticos se articulam no combate a seca do Nordeste e de Pernambuco que é considerada uma das piores nos últimos anos.  Mas, só quem convive com a situação - a falta de alimentos e da água e visualiza o gado morrendo os reservatórios de água vazios e até a fome, pode constatar a real situação. Na última segunda-feira (13), enquanto prefeitos e parlamentares discursavam na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) em prol de mais ações no combate a estiagem, a equipe de reportagem do LeiaJá conversou com aqueles que são os personagens reais desta história.

O ato público ocorrido na Alepe foi realizado pela Associação Municipalista de Pernambuco e (Amupe) e pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). A manifestação nomeada de ‘Grito pelo Nordeste’ reuniu cerca de 100 prefeitos e muitos deles trouxeram para a mobilização caravanas com os moradores de cada região.

Segundo o agricultor Joselino Mariano da Cruz, 57 anos, da cidade de São José do Belmonte, Sertão de Pernambuco a seca enfrentada no município é uma das mais agressivas. “A situação está muito difícil. Eu tinha 15 cabeças de gafo, mas já perdi cinco e agora só tenho 10”, lamentou.

Outra agricultora do Sertão do Estado, do município de Cumarú, Regina Severina da Silva, 69, o problema que assola roça, onde ela planta milho e feijão tem tirado seu alimento do dia-a-dia. “O que a gente tem não dá para a gente viver. Tenho passado fome”, conta Silva com expectativa de que as coisas melhorem. “Que Deus abra o coração deles (dos governos) e que tenham dó de nós (sic)”, desejou.

Para o agente comunitário da cidade de Terra Nova, Sertão do Estado, Orlando Florêncio, 35, o município onde reside foi um dos mais atingidos, tanto pela redução do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) como pela seca. “Terra Nova seja talvez, um dos menores municípios de Pernambuco com apenas nove mil habitantes. Com a queda do FPM e a estiagem enfrentamos um estado de calamidade e escassez como a do leite, por exemplo”, comentou.

Florêncio disse ter vindo ao Recife participar da manifestação com a esperança de sensibilizar o governo em prol de soluções. “A cidade está passando por situações precárias. A renda que já era mínima agora está reduzida a zero. Eu convivo com pessoas que perderam o rebanho inteiro e muitas famílias  recebem apenas R$ 70 do Bolsa Família. Esperamos então, sensibilizar as pessoas que regem este País e este Estado”,  desabafou.

Na última terça-feira (14), um dia após a mobilização dos prefeitos na Alepe, os gestores se reuniram em Brasília com o presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros (PMDB). Entre as demandas solicitadas no encontro estavam à renegociação ou anistia das dívidas dos agricultores e medidas de compensação das receitas dos municípios. Na reunião, Calheiros reafirmou o compromisso os moradores do Nordeste com medidas importantes para região e lembrou as ações que já foram tomadas pelo Governo Federal.







 

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