PT do Senado cobra solidariedade política a Temer
A exigência ao peemedebista veio depois que Dilma o escolheu para assumir a coordenação política do governo
Depois do anúncio da presidenta Dilma Rousseff (PT) do nome do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), para a vaga de coordenação política de sua gestão, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT) fez discurso de apoio à correligionária. Também na Tribuna do Senado, o petista disse esperar que o PMDB de Temer o "preste a mesma solidariedade política e republicana" que o PT para que a aliança governista "possa sanar as divergências".
Para Humberto Costa está na hora de encerrar as brigas e os jogos de interesse do PMDB. “É hora do fim dos sobressaltos, das bravatas, das quarteladas de ocasião, dos jogos de interesse que a nada levam, a não ser a desnudar a mesquinharia de quem os pratica", disse ele. "Como líder do PT no Senado, quero dizer que recebemos com muita confiança essa decisão da presidenta Dilma e oferecemos todo o nosso respaldo ao vice-presidente Michel Temer no exercício das suas novas e desafiadoras funções",apoiou.
Apesar da discreta alfinetada, o parlamentar destacou a importância do PMDB como o maior aliado do PT na coalizão e disse que o partido de Temer é governo e, como tal, deve assumir esse papel para o qual foi eleito. Ele também ressaltou que divergências entre as siglas da base são naturais, pois não existe a lógica única dentro de um Congresso que, por definição, deve ser plural. Lembrou, porém, que é necessário se utilizar os foros apropriados para aparar as arestas e resolver as diferenças entre as legendas.
“O que temos de evitar entre as forças políticas que compõem uma aliança é que elas ajam de maneira tão insana umas contra as outras que coloquem em risco a sustentação do próprio governo. Não é aceitável que um partido, sendo governo, aja deliberadamente como se oposição fosse em muitas situações”, observou.
De acordo com o líder do PT, tal atitude "denota ignorância política e não pode ser travestida sob o véu da manutenção da independência de poderes". “Isso é uma perversão intelectual que diminui um fundamento nobre da nossa República. Em todos os sistemas democráticos de governo, há tensões políticas permanentemente”, avaliou. Segundo o senador, a diferença é que, nas democracias mais aperfeiçoadas, as tensões são resolvidas por meio do diálogo e, "nas incivilizadas, são alongadas por arrufos de gente de visão apoucada".
Humberto considerou como "um admirável movimento no tabuleiro político" a decisão tomada por Dilma, afirmando ser uma expressiva demonstração do apreço presidencial pela busca das relações harmônicas entre os poderes – especialmente entre o Executivo e o Legislativo. “O convite ao vice-presidente Michel Temer, um homem público de profundo zelo institucional pelas suas funções, para coordenar as articulações políticas do governo, chega em um momento muito oportuno para dar firmeza à estruturação da nossa base no Congresso Nacional, especialmente na Câmara dos Deputados”, declarou.
Buscando rebater as críticas da oposição, Costa alegou não ser atípica a participação ativa de um vice em atividades vitais do governo que integra e lembrou que o vice do ex-presidente Lula, José Alencar, por exemplo, chefiou em um determinado momento, o Ministério da Defesa.