Dilma cobra cooperação em encontro com governadores
Presidente quer maior apoio e integração de ações com os governos estaduais e distrital. Reunião visa ainda pressionar gestores a conversar com as bancadas a fim de evitar a chamada pauta-bomba no segundo semestre do Congresso Nacional
Cooperação. Essa foi a principal convocação durante a reunião da presidente Dilma Rousseff, ministros e governadores dos 26 estados e do Distrito Federal, no Palácio da Alvorada em Brasília. Na pauta do encontro, a governabilidade, a responsabilidade fiscal e os futuros investimentos foram os temas mais destacados.
Logo no início da reunião, transmitida ao vivo pela TV NBR, a chefe do Executivo federal assumiu que o país passa por uma crise econômica, marcada pela desvalorização das moedas no mundo e reflexos dos problemas internacionais, agravada pela seca acentuada especialmente em estados das regiões Nordeste e Sudeste. “Tudo isso trouxe impacto para a renda e pesou no bolso das famílias brasileiras. Do nosso lado, também tivemos uma significativa redução de receitas, com uma forte queda na arrecadação”, disse a presidente, que fez questão de dizer que o cenário atual não é desculpa para o governo, mas fator para um esforço ainda maior dos gestores.
Para Dilma, a economia mostra que o país vive “um novo ciclo de transição, para a expansão de crescimento”. “Pretendemos que esse ciclo seja mais sólido, robusto e duradouro do que o que acabamos de viver”, sustentou, dizendo ser importante manter ações de controle da inflação e equilíbrio fiscal. O governo acredita que em 2016 haverá um recuo da inflação e maior acesso ao crédito, o que contribuirá para a ampliação do consumo das famílias.
Os investimentos também tiveram vez no discurso de Dilma no início do encontro com os governadores. A presidente informou que alguns gestores já apresentaram as principais demandas em infraestrutura e logística, mas que precisa receber os projetos de todas as unidades da federação. A ideia é planejar o lançamento até 2018. Uma parte das concessões e recursos para aeroportos, rodovias, ferrovias e portos foi anunciada no primeiro semestre deste ano.
A presidente abordou ainda a necessidade ampliar as parceria em prol da redução da violência. ”Queremos estabelecer cooperação federativa em duas questões. A primeira é o pacto nacional pela redução de homicídios, já que a nossa taxa hoje é de 23,32 homicídios para cada 100 mil pessoas e o índice tolerável mundialmente é de dez para cada 100 mil”, ressaltou. “A segunda é a superlotação prisional, já que temos um déficit de 231 mil vagas, sendo 41% com presos provisórios. E ainda há 460 mil mandatos de prisão não cumpridos”, continuou.
No final do discurso, Dilma citou a importância da integração para implantar nos estados o programa Pronatec Aprendiz, relançado nesta semana, voltado para micro e pequenas empresas e micro empreendedores individuais; e o programa Segurança no trânsito, defesa da vida, do Ministério da Saúde. As ações serão detalhadas pelos ministros no decorrer da reunião, quando também deve ser abordada a pauta do Congresso Nacional para o segundo semestre. O governo quer o apoio dos governadores junto às bancadas para evitar a chamada “pauta-bomba”.
Na ocasião, os governadores também deverão apresentar as suas demandas. Em reunião realizada mais cedo, eles afinaram o discurso e disseram que irão cobrar estabilidade política, garantia de investimentos e uma agenda federativa.