Para se manter no poder, políticos viram nômades em PE
Yves Ribeiro (PSB) e Manoel Botafogo (PDT) são exemplos de ex-prefeitos que já administraram duas cidades e vão disputar a eleição municipal em uma delas este ano
O período pré-eleitoral é marcado por uma série de articulações. Entre as estratégias adotadas por alguns políticos é possível observar a constante mudança de partido e até mesmo de domicílio eleitoral, para se manter no poder. Em Pernambuco, o nomadismo nesta época tem marcado a participação de diversos nomes nos pleitos municipais, desde prefeitos que migram para cidades vizinhas a parlamentares que alteram o endereço nos cartórios na tentativa de emplacar uma vaga no Executivo local.
Um exemplo clássico dessas constantes mudanças no estado é protagonizado pelo o pré-candidato a prefeito de Igarassu, Yves Ribeiro (PSB). O socialista já administrou a cidade litorânea por dois mandatos (1997 a 2004), mas em 2004 renunciou ao cargo e transferiu o domicílio para a cidade de Paulista, onde foi eleito e reeleito (2005 a 2012). No ano passado, Ribeiro, no entanto, alterou mais uma vez o registro eleitoral retornando para Igarassu onde disputará o cargo majoritário.
Uma das credenciais para o retorno a cidade litorânea, segundo Yves, foi o quantitativo de votos que obteve durante a eleição de 2014, quando ele foi candidato a deputado estadual. “Quando eu caminhava nas ruas [em 2014] as pessoas falavam que se eu voltasse me elegeriam como prefeito. Falava-se muito da ausência de fábricas, do abandono da cidade e da violência alta”, afirmou ao Portal LeiaJá, pontuando que não vê problemas na possibilidade de políticos migrarem entre cidades para disputar o executivo.
Esta será a sétima vez que Yves postula um cargo de prefeito. “A maior motivação para voltar é a identidade que tenho com Igarassu. Já cheguei a ter mais de 75% dos votos válidos em uma das minhas eleições a prefeito. Nunca tive uma vontade própria de ser deputado, gosto muito do Executivo. Aprendi que o Executivo tem mais força e é importante para o desenvolvimento da sociedade”, declarou o ex-prefeito, revelando já ter o apoio de partidos como o PPS, PPL, PMN e está se articulando com o PDT.
Outro exemplo do nomadismo político, desta vez na Mata Norte de Pernambuco, é o do deputado estadual Manoel Botafogo (PDT). O pedetista foi prefeito de Lagoa do Carro por duas vezes (1996 e 2004), depois se mudou para Carpina, onde foi eleito e reeleito para gerir a cidade de 2005 a 2012. Agora na Casa Joaquim Nabuco, após assumir a suplência da vaga deixada pelo deputado Manoel Santos (PT) falecido em abril de 2015, Botafogo vai voltar à disputa pela prefeitura de Carpina. Procurado pela reportagem, ele não quis conversar sobre o assunto.
De pai para filho - Apesar de não alterar o domicílio eleitoral este ano e abdicar da disputa municipal em alguma cidade para dar vez ao filho, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PSDB), já foi protagonista deste cenário na Região Metropolitana do Recife (RMR). O tucano esteve dividido entre o Cabo de Santo Agostinho (de 1983 a 1988 e de 1996 a 2004) e Jaboatão dos Guararapes (desde 2009).
Concluindo o segundo mandato no município jaboatonenses, Gomes desta vez não voltará à disputa pela cidade do Cabo, mas deixará a corrida pelo comando local para o filho, o deputado federal Betinho Gomes (PSDB).
Iniciantes - Estreiam na mudança de domicílio este ano para disputar cargos de prefeito os deputados estaduais Waldemar Borges (PSB), que migrou para Gravatá, no Agreste, onde pretende postular o comando da cidade, e Dr Valdir (PP) que saiu de Vertente do Lério para concorrer a prefeitura de Surubim, ambas no Agreste.