Intelectuais criam grupo para acompanhar e defender Lula
A ideia é frear o que eles chamam de "processo de deslegitimização" do petista e o "desmonte das conquistas da Constituição de 1988"
Um grupo de intelectuais decidiu criar um observatório para acompanhar e defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no debate público que ocorre sobre a figura do petista no Brasil. Ainda sem nome e lançado na noite desta segunda-feira, 31, o grupo conta com a participação do professor Paulo Sérgio Pinheiro (ex-secretário de Direitos Humanos no governo FHC), do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, do jornalista Fernando Morais, advogados que fazem a defesa do ex-presidente, entre outros.
A ideia é frear o que eles chamam de "processo de deslegitimização" do petista e o "desmonte das conquistas da Constituição de 1988". "Vamos trabalhar para nos manifestarmos nos momentos em que for necessário", disse Paulo Sérgio Pinheiro, que ressaltou que a iniciativa não tem a influência das eleições municipais nem tem nenhum tipo de objeto eleitoral ou ligação partidária.
Para Fernando Morais, que recebeu os membros em sua casa para apresentar o grupo ao ex-presidente Lula, a perseguição ao petista "é parte do golpe". Ele acredita que o objetivo não é a prisão de Lula, mas sim inabilitá-lo a disputar a eleição presidencial de 2018.
"Seria muita ingenuidade supor que iam fazer tudo isso para entregar a Presidência da República numa bandeja para o Lula em 2018. Não precisa prender, basta que se torne ficha suja, é o elo que falta dessa corrente para que o golpe fique completo", disse. O advogado Cristiano Zanin, que faz parte da defesa de Lula nos processos que correm no âmbito da Operação Lava Jato, disse que a iniciativa é importante para que se possa acompanhar "todas essas arbitrariedades que temos colocado e que estão acontecendo em relação ao presidente Lula".
"Não há materialidade que possa sustentar qualquer das acusações feitas ao ex-presidente", disse, reforçando que Lula é alvo de um fenômeno chamado "lawfare", quando a lei e procedimentos jurídicos são usados para promover perseguição política. O ex-presidente Lula, que veio ao encontro para ser apresentado à proposta, não conversou com jornalistas.