Deputado defende cirurgia para mudança de sexo

'É natural que algumas dessas pessoas entrem, inclusive, em surto psicótico, em crises existenciais porque o mundo não lhes acolhe', declarou Jean Wyllys

por Taciana Carvalho sab, 28/01/2017 - 16:59
Reprodução/Facebook Deputado publicou vídeo no Facebook Reprodução/Facebook

O deputado federal Jean Wyllys (Psol) deu abertura a mais uma polêmica, neste sábado (28), ao comparar a cirurgia de transgenitalização [mudança de sexo] com outros procedimentos. “Muita gente fala que a gente não deve subverter o corpo que a natureza nos deu, que é errado fazer isso se a natureza nos deu um corpo e que eu não tenho que mexer. As pessoas esquecem que estão mexendo no corpo o tempo inteiro”, declarou durante entrevista. Uma parte do vídeo foi publicado em seu Facebook. 

“As pessoas que nascem com os dentes tortos e usam aparelho ortodôntico, uma pessoa que tem um problema no coração faz uma ponte de safena, uma mulher que se sente infeliz porque tem os peitos pequenos e não se sente desejada faz uma cirurgia plástica para ficar mais feliz consigo mesma. Por que a sociedade vai negar às pessoas transexuais o direito de ter, no âmbito da saúde, um atendimento como uma cirurgia de transgenitalização?", questionou. 

O deputado disse que todo esse processo de aceitação é fonte de sofrimento. “Algumas pessoas vêm a esse mundo habitando uma pele que não lhe cabe. Uma pele que lhe parece ou muito folgada ou apertada demais e isso é fonte de muito sofrimento ao ponto da pessoa abandonar tudo para firmar essa identidade e ao ponto dessa pessoa cair na marginalidade, romper com a família, viver na marginalidade, se prostituir para poder firmar aquilo que ela imagina de si mesma. Vem acompanhada de muita dor e de muita violência, então, é natural que alguma dessas pessoas entre, inclusive, em surto psicótico, em crises existenciais porque o mundo não lhes acolhe”.

Jean Wyllys acredita que os transexuais são os que sofrem mais violência. “São os mais inviabilizados. São aquelas cujo estigma tem o mesmo papel do estigma da cor da pele, por exemplo, a orientação sexual cabe num armário, um homossexual pode mascarar sua orientação, pode não dizer sobre ela, pode colocar em um armário e estar livre da violência. O transexual não pode fazer isso porque entidade de gênero se afirma como a cor da pele é inevitável. É o corpo. Nesse sentido, os trans sofrem muito mais violência e acho justo a gente dar espaço”.

O parlamentar também falou que a sociedade acredita que a classe LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros] faz parte do que chamou de “mesmo pacote”. “Aos olhos do restante da sociedade, das pessoas que não fazem parte da comunidade LGBT, da grande maioria, nós somos tudo a mesma coisa. Apesar dessa sopa de letra LGBT, nós somos todos vistos como parte de um mesmo pacote. Bananas de um mesmo cacho, farinha do mesmo saco. Isso não é de todo errado. Somos todos insultados ou difamados por conta dessa inversão. Não é de todo errado dizer que fazemos parte de um mesmo pacote, porém, é obvio que os travestis e os transexuais, estão mais inviabilizados”, ressaltou. 

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